Ator também era conhecido pelo “comercial do brócolis”
Camila Sousa/omelete/09.06.2019
O ator Rafael Miguel, conhecido pelo papel de Paçoca em Chiquititas, morreu aos 22 anos em São Paulo. Segundo informações preliminares reveladas pela polícia e divulgadas pelo jornalista Luiz Bacci, Miguel e seus pais teriam sido mortos pelo pai de sua namorada, ao irem até a casa dele falar sobre o relacionamento dos dois.
Nas redes sociais, o ator Filipe Cavalcante, que fez o papel de Rafa em Chiquititas, publicou uma foto ao lado de Miguel e lamentou: “vai em paz meu irmão, vai fazer muita falta aqui”, além de postar uma mensagem os fãs nos stories:
Antes de ser parte da atual programação da TV Globo, o cinema fantástico de Francisgleydisson (Edmilson Filho) tinha passado pela experiência de ser curta metragem e depois, longa. Em 2012, a parte um do Cine Holliúdy
se tornou – inesperadamente – uma das maiores bilheterias do Ceará,
estado onde também se passa a história, com sua linguagem forte, marcada
por uma musicalidade própria e muitas expressões regionalistas (tanto a
ponto do filme ter sido exibido com legendas). Nesse ano de 2019, a
parte dois do filme estreou também nos cinemas cearenses e conseguiu um
feito único: levou mais pessoas às salas de cinema que Capitã Marvel.
A mágica tem uma explicação óbvia: a criação de Halder Gomes
se comunica diretamente com o cidadão cearense, usando como base para
sua conquista algumas boas doses de lúdico que provocam catarse imediata
e captam imediatamente a audiência. Francisgleydisson é um apaixonado
pelo cinema como todos nós somos e sua luta para manter viva a mágica
dessa arte passa por uma comédia física, exagerada, caricata mesmo,
honrando os códigos que fazem do cinema mundial uma imensa rede de tipos
com os quais qualquer um pode se identificar.
Era de se esperar, então, que a ideia de uma série de TV fosse
servir para estender a vida do protagonista em pauta. Era uma ironia
entregue em delivery: uma história sobre lutar contra o poderio da TV se
tornaria, enfim, televisiva. Isso, entretanto, não intimida a história
que veremos, já que é ainda a batalha contra o entretenimento fácil,
acessível sem sair de casa, que permeia os 10 episódios do primeiro ano
da série. Na TV, Francis vai brigar para manter o cinema em primeiro
plano de exploração. Tudo isso com muito humor, tiradas e pitadas de Guel Arraes,
que inventou a identidade da comédia nordestina a ponto de criar uma
paleta acessível para qualquer um que deseje uma pequena exploração.
A Caixa
Como em toda boa dramaturgia universal, Cine Holliúdy
começa com chegadas. Situada nos anos 70 (dez anos antes dos eventos do
filme), a trama encontra Francis administrando o único cinema da cidade
de Pitombas. Tudo vai bem até que o prefeito Olegário (Matheus Natchtergaele) chega à cidade com sua nova esposa e enteada. Heloísa Périssé e Letícia Colin
se incumbem de colorir as forasteiras, que são espelhadas uma na
outra.Socorro quer se aproveitar do marido prefeito e Marylin nem mesmo
queria estar ali. Mas, exige uma TV nova assim que chega ao tal do “fim do mundo”.
O problema é que Pitombas não conhece essa tal de televisão e
Francisgleydisson vai fazer tudo que puder para evitar que conheça.
A partir do momento em que começa o primeiro quadro, não dá mais para desviar os olhos da atração. Cine Holliúdy
tem um texto rápido, com aquela inteligência calculada, que não aparece
nos vocábulos e sim na descrição perfeita de como funcionam as
engrenagens daqueles personagens tão particulares. Como era se esperar
tudo é muito colorido, brilhante, quente, ligeiro. Assim como em O Auto da Compadecida,
por exemplo, as cenas são ditas num ritmo acelerado, com câmeras que
buscam os atores enquanto eles falam indo de um lado para o outro; e em
poucos minutos de episódio, dão conta de todos os planos mirabolantes do
protagonista. É uma fórmula realmente irresistível.
O elenco se esmera em ser crível e fantasioso ao mesmo tempo.
Tal qual no mundo de Don Quixote, nada é o que parece ser para Francis e
seu fiel escudeiro Munízio (Haroldo Guimarães), muito
responsável, devemos dizer, pelo carisma das primeiras sequências da
série. Edmilson já tem pleno domínio do personagem, mas além dele e de
Haroldo, apenas Falcão surge do elenco do primeiro filme para reviver
seu personagem na TV. Périssé, Colin, Natchtergaele são algumas das
novas adições, assim como Belinha (Solange Teixeira), que também é responsável por fazer o time de coadjuvantes crescer e preencher aquele universo com muita competência.
A paixão por Marylin e a chegada da maldita da TV (instalada no
meio da praça) começam a temporada inspirando o protagonista a competir
criando seus próprios filmes. Segundo o próprio Edmilson, a cada semana
um novo gênero será abordado e o cinema, na sua versão mais simplória e
comovente, será retratado com um certo lirismo surpreendido. Cine Holliúdy
tem o objetivo maior de divertir com honestidade o espectador
disponível, mas no meio da sessão da película não será incomum ver
alguém limpar envergonhado uma lágrima repentina. A série é toda uma
celebração.
Escrita por Marcio Wilson e Claudio Paiva, baseada no longa-metragem homônimo escrito e dirigido por Halder Golmes, a série tem direção artística de Patricia Pedrosa e direção de Halder Gomes e Renata Porto D’Ave. No elenco ainda estão Gustavo Falcão, Solange Teixeira, Carri Costa e Frank Menezes, além das participações especiais de Ney Latorraca, Chico Diaz, Miguel Falabella, Ingrid Guimarães, Tonico Pereira, Bruno Garcia, Rafael Infante, Rafael Cortez, entre outros.
Os 10 episódios da primeira temporada já estão na Globoplay e a série estreou na TV em 7 de maio.
Conhecido por usar muitas séries como referência, nova produção de Walcyr Carrasco busca o melodrama como norteador conceitual
Henrique Haddefinir/omelete/29.05.2019
Ao falar sobre a nova novela das 21h da Rede Globo, a diretora artística de A Dona do Pedaço é certeira: liga seu trabalho a uma fonte que se correlaciona perfeitamente com os folhetins brasileiros, o melodrama. Amora Mautner – que esteve pela última vez na direção de uma novela do horário em A Regra Do Jogo – entende o valor de uma história seriada bem contada e visualizada; ela está no ar com Assédio,
uma produção milimétricamente calculada para fazer a obscuridade de um
ato hediondo como o estupro, vazar atmosfericamente em cada cena. Mesmo
em A Regra Do Jogo, o trabalho da diretora era pautado em
transgressões no gênero novelístico, provocando um resultado que pode
não ser alcançado audiências gigantescas, mas que agradaram muito ao
público que curte séries de TV.
Walcyr Carrasco não fica atrás em sua jornada para referenciar produtos seriados em suas criações. Amor à Vida e O Outro lado do Paraíso pescavam um ou outro elemento que podia correlacionar suas obras com séries que iam de Grey’s Anatomy a Game Of Thrones,
por mais incrível que isso pareça. As novelas são, por essência,
narrativas que privilegiam história de amor, que vão a extremos e que
ganham, inevitavelmente, os rótulos mais popularescos, afim de prover
elogios e críticas na mesma medida. Conhecido também por simplificar
suas estruturas textuais, Carrasco fez seu nome em cima do que existe de
mais objetivo numa dramaturgia. A parceria com Mautner, então, vem
muito a calhar, já que é através do olhar inquieto da diretora que a
novela vai buscar uma fuga do lugar comum.
“Mergulhei fundo no melodrama”, diz a diretora em uma entrevista concedida ao Omelete antes do lançamento da novela. Douglas Sirk, cineasta clássico de um cinema que não tinha vergonha de ser puro romantismo, era o “Príncipe do Melodrama” e também é agora o “melhor amigo” da diretora nessa nova empreitada. A sinopse de A Dona do Pedaço dá conta de uma história de amor proibido entre Maria da Paz (Juliana Paes) e Amadeu (Marcos Palmeira), que são de famílias rivais. O “Romeu e Julieta”
invocado fica pelo caminho ainda na primeira fase, quando Amadeu leva
um tiro e Maria pensa que ele está morto. Fugida da própria terra, a
protagonista chega em São Paulo e começa a vender bolos na rua, para
sobreviver. Por trás da superação, o passado vai se interconectando numa
rede de coincidências típicas das novelas. Mídia e diversidade sexual
ainda são pontos importantes da nova produção.
Bolo de Pote
“Se Walcyr estivesse escrevendo nos EUA ele estaria escrevendo This is Us”,
diz Mautner quando questionada sobre suas principais referências
seriadas. O exemplo também é estratégico. Carregada de uma polidez
textual e visual, This Is Us é uma “novela gourmetizada”, que privilegia os mesmos códigos melodramáticos do cinema vintage de Douglas Sirk: relações afetivas, obstáculos para o amor ou simplesmente o enfoque absoluto nele. O exagero de This is Us
não está na forma e sim na opressiva capacidade de perseguir a comoção,
que pode ser alcançada de maneira elegante por lá, mas que é parte do
mesmíssimo objetivo por aqui. A diretora não tapa o sol com a peneira: “Vamos fazer o gênero: se tiver que fazer diálogo, vamos fazer diálogo, se tiver que fazer novela vamos fazer novela”. Essas são todas referências que buscam camadas que em alguns casos são imperceptíveis, mas essenciais para o dever artístico. “Assisti muito Hithcock”, diz ela; “mas não porque a novela tem suspense e sim porque queria uma decupagem em que a câmera se mexe, mas sem aparecer muito”.
A Dona do Pedaço usa códigos folhetinescos clássicos,
que em sua sinopse evidenciam uma honestidade diante dos próprios
objetivos. Uma história de amor impossível, uma história de superação,
reencontros esperados, intrigas e armações. É como toda novela que se
preza precisa ser. Porém, são os detalhes na hora de construir essa
atmosfera – um pouco de Douglas Sirk aqui, um pouco de Hitchcock ali, uma pitada de Dan Fogelman acolá – que podem fazer a diferença no processo de catarse do espectador. Afinal de contas, o que é This is Us
senão uma história fraternal simples, claramente afetada pelo amor e
pela tristeza, que apenas usa o detalhe como apelo emocional devastador.
Plataforma de streaming brasileira anuncia atrações nacionais e internacionais
Natália Bridi/omelete/27.04.2019
Durante sua passagem pelo Rio2C, o Globoplay anunciou as novas atrações do seu catálogo em 2019, incluindo The Path, Manifest, The Village, American Horror Story, The Gifted, Modern Family, Will & Grace, The Night Shift, Halt and Catch Fire, Patrick Melrose, Picnic of Hanging Rock, Angel, Bull, The First, Homeland, The Vampire Diaries, Waco, Arquivo-X, M, a City Hunts a Murderer, Smallville e The Magicians.
Entre as produções nacionais estão as exclusivas Divisão, Eu, a Vó e a Boi, Aruanas, Shippados e Sessão de Terapia, sendo as três últimas ainda para o segundo semestre de 2019. “O
fato de sermos uma plataforma de streaming nos permite ir além,
trabalhando e experimentando vários segmentos. Podemos ter conteúdos
mais ousados, modernos e diversos”, avalia João Mesquita, CEO do Globoplay.
A vitória de Thanos em Vingadores: Guerra Infinitadizimou metade do universo e, aparentemente, nem mesmo Ana Maria Braga sobreviveu ao estalo do Titã Louco. Em parceria com a Marvel, a apresentadora e o Louro José entraram na brincadeira em um vídeo divertido para promover Ultimato. Confira:
Em 1995 estreava na TV Globo a primeira temporada de Malhação, centrada na vida do jovem Hércules (Danton Melo),
que ia trabalhar como uma espécie de faz-tudo na academia que dava nome
ao enredo. Hércules era obcecado por cultura grega e tinha uma namorada
que morava na Grécia e que ele nunca tinha visto pessoalmente. A
chegada dele agita as coisas no lugar não só por seus modos
desengonçados como também por sua anunciada virgindade.
De lá para cá foram impressionantes VINTE E SETE temporadas e
muitas reformulações. A academia já não é uma realidade na série faz
muito tempo, mas, por questões publicitárias, o nome Malhação
continua como marca oficial. Nos últimos anos, subtítulos foram sendo
acoplados ao conceito e o próximo ciclo, que começa hoje (16), tem o
sugestivo título de Toda Forma de Amar.
O nome não deixa de ser um retorno às origens… Durante alguns
anos, a canção de abertura da atração foi “Assim Caminha a Humanidade”,
de Lulu Santos. Agora, Toda Forma de Amar
invoca a frase que ficou popular também por causa de uma canção de Lulu.
E isso não deixa de ser uma ousadia. A série, durante seu tempo no ar,
sempre se preocupou em tocar em assuntos comuns à juventude brasileira,
mas a promessa desse ciclo é uma abordagem mais direta que nunca.
Embora o título traga a expectativa sobre diversidade e retirada do lugar comum, o material promocional da nova Malhação
não apresenta nada de novo. Estivemos no evento de lançamento e mesmo
com uma empolgação notória por parte do elenco, o clipe de apresentação
revelou uma história aparentemente quadrada, centrada em Rita (Alanis Guillen),
uma mãe adolescente que descobre, durante a missa de sétimo dia de seu
pai, que sua filha dada como morta, na verdade, está viva. A partir daí
ela sai em busca da menina e descobre que ela já está sendo criada pelos
personagens de Paloma Duarte e Joaquim Lopes, que tem um filho mais velho (Pedro Novaes) por quem a heroina se apaixonará.
Além disso, outros protagonistas serão conhecidos numa
sequência que relembra um pouco dos argumentos seriados aos quais
estamos acostumados. Uma situação violenta e inesperada une a trajetória
da mãe adolescente à de outros jovens até então desconhecidos. Dentro
de uma van, eles e mais três adolescentes – Jaqueline (Gabz), Guga (Pedro Alves) e Anjinha (Caroline Dallarosa)
– presenciam a retirada truculenta de um rapaz do interior do veículo
por homens armados. Diante do impasse entre contar ou não o que viram à
polícia, eles criam um grupo em uma rede social – o Deu Ruim – e, a
partir daí, se tornam grandes amigos, capazes de se apoiar mutuamente
para lidar com os mais diversos problemas.
Sobre o prometido “primeiro protagonista gay” pouca
coisa foi mostrada tanto no clipe promocional quanto nas informações
divulgadas. Guga será um jovem de família rica e passará por problemas
quando começar a questionar a própria sexualidade. Mas, a diversidade
que a frase Toda Forma de Amar sugere se perde um pouco nas emissões folhetinescas clássicas vistas até aqui. Emanuel Jacobina,
que também foi o autor da primeira versão da série, retorna ao comando
da criação e espera-se que o desenvolvimento das tramas surpreenda o
público. Lá na década de 90, quando a exploração desse tipo de
diversidade narrativa ainda era rara, Malhação criou um arco em que Thierry Figueira pedia ajuda a Fernanda Rodrigues (a “musa” involuntária da canção “Malandragem”, na voz de Cássia Eller)
para que ela fingisse ser sua namorada, já que ele não tinha coragem de
admitir para o pai que era gay. As restrições eram óbvias, mas todo o
arco foi extremamente sensível.
Malhação: Toda Força de Amar tem supervisão artística de Carlos Araujo e direção artística de Adriano Melo. Também estão no elenco Henri
Castelli, Julio Machado, Gabriella Mustafá, Gabriel Santana, Ronald
Sotto, Beatriz Damini, Giulia Bertolli, Roberto Bomtempo, Karine Teles,
John Buckley, Tato Gabus Mendes, Olívia Araújo, Giovanna Rispoli, Roger
Gobeth, Quitéria Kelly, Thiago Genini, João Pedro Oliveira, Caian
Zattar, Rosanne Muholland, Hugo Moura, João Fernandes, Ana Miranda, entre outros.
Tá no Ar, programa de Marcelo Adnet e Marcius Melhem, está chegando ao fim – e a dupla pretende se despedir com um funeral.
Segundo o colunista Flávio Ricco no UOL,
a despedida não será sombria mas sim alegre, como uma festa, com toda a
equipe do programa caminhando pelos estúdios da Globo. Além disso,
haverá participação de Fátima Bernardes “e uma reportagem de Pedro Bial“.
A conclusão de Tá no Ar será transmitida em 9 de abril.
O roteirista e o criador da obra original Edney Silvestre falam sobre a adaptação, que estreia em abril
Henrique Haddefinir/omelete/23.03.2019
Se eu Fechar os Olhos Agora“não pode ser considerada uma minissérie convencional”, segundo o showrunner Ricardo Linhares.
E de fato não é. Tudo sobre a produção tem uma certa peculiaridade, a
começar por seu lançamento, que inverteu a ordem, começando primeiro no Now, para em abril estrear na Globoplay
e na rede aberta. Uma estratégia interessante, que funciona quase como
um teste, uma maneira de avaliar as respostas emocionais do público e da
crítica. Considerando a dramaturgia e o trabalho de adaptação, essas
respostas são quase uma inevitabilidade para o espectador da produção.
Se Eu Fechar Os Olhos Agora é baseada no livro de Edney Silvestre
que, mesmo sendo um autor de sucesso no meio literário, é mais
conhecido pelo público por seu trabalho como jornalista. O livro foi seu
primeiro romance e ao falar sobre ele a paixão e a segurança das
próprias referências fica muito evidente. “Gosto de literatura
ancorada na realidade do país, como está na Rússia de Tolstoi, na França
de Zola, na Europa de Hemingway, nos Estados Unidos de Philip Roth, no
Brasil de Graciliano Ramos. Sou testemunha de como a História, no
sentido macro, interfere e altera nossas histórias pessoais”, explicou. “Em
Se Eu Fechar os Olhos Agora, o que começa como uma trama de assassinato
de uma mulher devassa abre um panorama de mais de um século de nossa
história, em que estão as raízes da destruição de Anita (Thainá Duarte) e
de sua família”. O autor visitou as filmagens e deu carta branca
ao também roteirista Ricardo Linhares para que enriquecesse ainda mais o
universo da obra: “hoje já não sei mais dizer com segurança o que está no original e o que foi criado por ele”, afirmou Linhares.
Ao longo de 10 capítulos, a minissérie contará a história dos amigos Paulo (João Gabriel d’Aleluia) e Eduardo (Xande Valois),
que são muito diferentes, mas acabam unidos por uma descoberta funesta:
descobrem o corpo de uma mulher perdido na mata. A partir daí, uma
investigação policial costura a história da minissérie, enquanto outras
“investigações” correm em paralelo, de uma ordem muito mais pessoal. “Escrevi os episódios de modo que a verdade por trás das aparências seja revelada em pequenas doses”, disse Linhares. “No
fundo, ninguém é o que aparenta ser. Os personagens dissimulam e
reprimem seus sentimentos para serem aceitos na vida em sociedade. Mas
os crimes e suas consequências vão desvendando as pequenas vidas
escondidas por trás das fachadas de cada um. Para isso, construí a
narrativa em diversas camadas. No primeiro plano, os crimes e o risco de
morte geram tensão e expectativa. Enquanto isso, eu vou descortinando
as outras camadas, mostrando o que está oculto sob a aparente harmonia
das relações sociais”.
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A história se passa no início da década de 1960 e, apesar de se
tratar de um thriller em essência, explorará através de seu texto uma
série de posicionamentos da sociedade daquela época. “Os sintomas não são unicamente regionais”, completou Silvestre. “Racismo, intolerância, corrupção têm sido males que nos afligem e nos prejudicam desde que o Brasil era colônia de Portugal”.
Ricardo Linhares, contudo, reforçou que a fluidez da dramaturgia só foi
possível porque não foi escrita com propósitos discursivos: “Não
procurei abordar assuntos contemporâneos. Grande parte dos conflitos
daquela época é que permanece atual, infelizmente. Isso dá atualidade à
temática, mas a série retrata o período e os costumes de acordo com a
mentalidade de 1961 (…) A história é contada do ponto de vista do
período, mas o público vai reconhecer e se espelhar em várias situações,
porque a essência dos sentimentos continua a mesma, sejam conflitos
amorosos, sociais, ou comportamentais”.
De Olhos Bem Abertos
A história da minissérie tem referências atraentes e bastante abrangentes. A trama policial nos remete a Twin Peaks,
em que a morte de Laura Palmer afeta todo o organismo sócio-cultural da
cidade. Aqui, é a morte de Anita que exerce esse papel. Porém, a
identidade visual de Se Eu Fechar Os Olhos Agora contorna o
gênero noir e não deixa de passar pelo que de mais envolvente existe na
dramaturgia brasileira. O público do seriado vai descobrir as
referências, mas o folhetim está presente no DNA da produção. Ricardo
Linhares falou um pouco sobre isso: “Meu objetivo foi fazer uma
narrativa com dramaturgia brasileira, sem seguir o estilo policial ou
detetivesco americano e inglês. Cada capítulo tem uma estrutura
independente, o que foge da linguagem das novelas e minisséries
nacionais, e o aproxima de uma série. Por exemplo, não acompanho todos
os personagens em todos os episódios. Eles só aparecem quando são
necessários para a história. Ubiratan (Antonio Fagundes)
só entra a partir da metade do segundo episódio. Em qualquer outro
produto audiovisual brasileiro, uma estrela como Fagundes teria que
aparecer desde o primeiro capítulo. Hanna (Betty Faria)
entra apenas nos dois últimos episódios, pois antes não teria função na
trama. Procurei criar uma narrativa diferenciada do que estamos
acostumados a assistir na TV aberta brasileira. Desenvolvi personagens
que eram esboçados no livro, como Geraldo Bastos (Gabriel Braga Nunes) e Dom Tadeu (Jonas Bloch). Inventei novos personagens como Adalgisa, uma ex-miss, (Mariana Ximenes), Edson (Gabriel Falcão) e o repórter Cassiano (Pierre Batelli), entre outros, estabelecendo novos laços românticos, familiares e de amizade”.
Na televisão americana, o sucesso de minisséries como Big Little Liese The Sinneracabou
resultando em uma mudança de conceituação e os produtos se tornaram
séries, ganhando novas temporadas. O autor Edney Silvestre foi otimista
sobre a possibilidade: “A continuação já existe. Desde o começo. No
meu romance há mais informações sobre os homens adultos que Paulo e
Eduardo se tornaram, assim como os destinos que os aguardavam (…) há
mais em Se Eu Fechar os Olhos Agora e na continuação do romance, depois que Paulo e Eduardo saíram da cidadezinha”.
Com esse elenco espetacular que a minissérie apresenta, somado aos
personagens ampliados ou desenvolvidos por Ricardo Linhares, às imagens
de enorme beleza, às tramas intrigantes e a um cenário como nunca foi
visto no Brasil, nem no exterior, Se Eu Fechar os Olhos Agora talvez tenha, mesmo, fôlego para outras temporadas.
Linhares, apesar do claro desejo de ver o universo estendido, deu uma resposta mais realista: “no momento, estou fazendo a supervisão de texto de duas novelas (Amor de Mãe, de Manuela Dias, pras 21h, e Malhação 2020, de Priscila Steinman) e elaborando os capítulos de uma série inspirada em Cacau, livro de Jorge Amado.
Mas se houver o interesse em uma segunda temporada, eu topo. Gosto de
trabalhar e de criar! Já sei até como seria o ponta-pé inicial. Mas acho
que isso dificilmente acontecerá em função dos compromissos que eu, o
diretor e o elenco já assumimos”.
Com um crime a ser desvendado, uma amizade que resiste a todo
mal e muitos segredos escondidos com sorrisos no rosto e reputações
ilibadas, a minissérie Se eu Fechar os Olhos Agora tem direção de Carlos Manga Jr. e ainda Murilo Benício e Debora Falabella no elenco. A estreia acontece em abril na Globoplay e na TV aberta.
A HBO anunciou a estreia de The Shop, o talk show de LeBron James, para 29 de março na HBO Go. O programa, apresentado por James e o empresário Maverick Carter, terá conversas e debates descontraídos com alguns dos nomes mais importantes do mundo do esporte e do entretenimento.
O programa, iniciado em 2016 pelo site Uninterrupted, acompanha o jogador da NBA passando
por diversas barbearias da cidade de Los Angeles, onde se junta com
celebridades para discussões descontraídas, como é tradicional dos
locais nos Estados Unidos.
O primeiro capítulo, por exemplo, mostrará James na Barber Surgeons Guild, de Hollywood, conversando com Snoop Dogg, Jon Stewart e também os jogadores Odell Beckham Jr., Alvin Kamara, Draymond Green e Candance Parker.
Todos os episódios de The Shop estarão disponíveis a partir do dia 29 de março exclusivamente na HBO GO.