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Se Eu Fechar os Olhos Agora se desenvolve em mistério e suspense

Série estará disponível na Globoplay dia 08 de Abril

Se Eu Fechar os Olhos Agora se desenvolve em mistério e suspense
Henrique Haddefinir/omelete/28.03.2019                                                                                                                                                    

A primeira frase do livro de Edney Silvestre e a primeira frase do roteiro de Ricardo Linhares tem uma coisa em comum: elas falam de memória, de uma memória sinestésica, daquelas que vem com cheiro, com gosto, com arrepio. As duas frases também formam o título do livro: Se eu fechar os olhos agora. A obra do jornalista (a primeira de sua faceta literária) já tem 10 anos e a obra do roteirista já está pronta desde o primeiro semestre de 2018. Por trás dessa história há o cuidado com a forma como essa transposição da imaginação para a ilustração será feita. Tudo sobre esse enredo é sensorial e a direção de Carlos Manga Jr. surge esmerada nesse propósito.

Se Eu Fechar Os Olhos Agora esteve disponível no Now desde o ano passado, mas por razões que tem a ver com estratégia de programação, foi adiada até agora. A sensação, contudo, não é de re-lançamento. O mercado do entretenimento está polarizado entre as redes de TV aberta/fechada e as plataformas de streaming, mas ficamos sempre com a impressão de que o que não está na Globo, no Netflix ou nos canais fechados, não “estreou” de verdade. Talvez por isso o lançamento realizado oficialmente no último dia 26 de Março tenha tido toda a pompa e circunstância de um produto que acabou de nascer. O próprio Carlos Manga Jr., após a exibição do primeiro episódio, garantiu que a versão que será disponibilizada para os espectadores da Globoplay e da TV Globo terá pequenas diferenças técnicas na luz e nas colorações. É como se pronta mesmo, para valer, ela só fique quando for para o ar.

Já faz algum tempo que a Globo tem investido numa linguagem seriada para suas produções da faixa das 23 horas. Faz sentido, então, que Se Eu Fechar Os Olhos Agora tenha sido escolhida como um dos títulos da nova programação do ano, uma vez que sua dramaturgia tem influências de um gênero que domina boa parte das listas de programação mundial: o mistério. As séries que começam com crimes que precisam ser desvendados são muitas, passam pelas norte-americanas Damages How To Get Away With Murder e chegam até mesmo a títulos nacionais como a super-série Onde Nascem os Fortes e o filme Berenice Procura. As séries americanas optam por espetacularizar seus enredos e as nacionais – como essas citadas – preferem o minimalismo, a narrativa do “homem-comum”, o desvendar do criminoso mais do que o da vítima. E as vítimas tem em comum uma certa dose de marginalidade. Se Eu Fechar Os Olhos Agora não esconde essas influências e vai buscar seu diferencial num recorte que até então é incomparável: o infante.

De Olhos Bem Abertos

Se formos continuar tentando investigar as referências da minissérie ela tem mais flertes com Twin Peaks, de David Lynch, em que a morte de uma mulher numa cidade pacata e aparentemente convencional, acorda uma série de peculiaridades e estranhezas que são desmascaradas no decorrer das investigações. Entretanto, Edney Silvestre foi atrás de uma identidade regional, um resgate de referências pessoais que se traduz de uma forma original: temos em foco aqui a perspectiva de dois meninos, iguais nos impulsos e diferentes na trajetória. Um nasceu branco, privilegiado, cercado de apoio. O outro nasceu negro, maldito, desajustado num mundo que espera sempre o pior dele. Os dois encontram Anita (esse nome, novamente, ligado a uma ideia sexualizada e misteriosa da mulher) morta numa cachoeira e a suspeita que cai sobre eles os leva a uma busca pela verdade.

O primeiro episódio tenta respeitar o ritmo do trailer que foi divulgado logo após o evento: é um ritmo intenso, recortado, que procura valorizar o clima de suspense que se instaura assim que os meninos são presos. A pressa do delegado vivido por Antonio Grassi em culpar os meninos flerta com a inverossimilhança, mas é como se fosse o primeiro dos comportamentos estranhos que se instauram na cidade quando a notícia do crime se espalha. O roteiro se apressa em estabelecer que o véu de hipocrisias anunciado já nos primeiros diálogos (o prefeito vivido por Murilo Benício chega a usar a frase “bela, recatada e do lar” em uma das cenas) está frágil. Não é só uma questão de não estar falando a verdade, mas de não estar sendo verdadeiro. A primeira-dama de Debora Falabella, a ex-miss de Mariana Ximenes, o assustador padre de Jonas Bloch… Todos estão usando uma segunda pele e a que está por baixo é feia, cheira mal, é mofada, o que se correlaciona perfeitamente com o filtro levemente esverdeado que se imprime em todas as cenas. Aquela cidade é tomada de musgo.

Os meninos vividos por Xande Valois João Gabriel D’Aleluia não têm muito tempo de serem crianças e os atores logo precisam viver o peso de uma morte que lhes foi creditada e que começa a resultar em outras. Eles são essenciais para tirar a produção do lugar-comum, para que ela não seja só mais uma série de mistério e imprima uma identidade. Várias das minisséries que estiveram no ar nos últimos anos tinham uma execução técnica perfeita, uma boa ideia e uma quebra de ritmo que prejudicava o produto final. A TV brasileira passa por um momento de muito boas intenções, mas com dramaturgias que tem sido reféns de uma linguagem visual. E o texto, a palavra, a história, não podem ser coadjuvantes de uma bela fotografia.

Se Eu Fechar Os Olhos Agora (que chega na TV aberta dia 15 de Abril) tem muito potencial para ser tudo aquilo que sua concepção promete, uma história sobre toda a verdade que está disfarçada em vidas de mentira.

Se Eu Fechar os Olhos Agora não é uma série convencional, diz Ricardo Linhares

O roteirista e o criador da obra original Edney Silvestre falam sobre a adaptação, que estreia em abril

Se Eu Fechar os Olhos Agora não é uma série convencional, diz Ricardo Linhares
Henrique Haddefinir/omelete/23.03.2019                                                                                                                                      

Se eu Fechar os Olhos Agora “não pode ser considerada uma minissérie convencional”, segundo o showrunner Ricardo Linhares. E de fato não é. Tudo sobre a produção tem uma certa peculiaridade, a começar por seu lançamento, que inverteu a ordem, começando primeiro no Now, para em abril estrear na Globoplay e na rede aberta. Uma estratégia interessante, que funciona quase como um teste, uma maneira de avaliar as respostas emocionais do público e da crítica. Considerando a dramaturgia e o trabalho de adaptação, essas respostas são quase uma inevitabilidade para o espectador da produção.

Se Eu Fechar Os Olhos Agora é baseada no livro de Edney Silvestre que, mesmo sendo um autor de sucesso no meio literário, é mais conhecido pelo público por seu trabalho como jornalista. O livro foi seu primeiro romance e ao falar sobre ele a paixão e a segurança das próprias referências fica muito evidente. “Gosto de literatura ancorada na realidade do país, como está na Rússia de Tolstoi, na França de Zola, na Europa de Hemingway, nos Estados Unidos de Philip Roth, no Brasil de Graciliano Ramos. Sou testemunha de como a História, no sentido macro, interfere e altera nossas histórias pessoais”, explicou. “Em Se Eu Fechar os Olhos Agora, o que começa como uma trama de assassinato de uma mulher devassa abre um panorama de mais de um século de nossa história, em que estão as raízes da destruição de Anita (Thainá Duarte) e de sua família”. O autor visitou as filmagens e deu carta branca ao também roteirista Ricardo Linhares para que enriquecesse ainda mais o universo da obra: “hoje já não sei mais dizer com segurança o que está no original e o que foi criado por ele”, afirmou Linhares.

Ao longo de 10 capítulos, a minissérie contará a história dos amigos Paulo (João Gabriel d’Aleluia) e Eduardo (Xande Valois), que são muito diferentes, mas acabam unidos por uma descoberta funesta: descobrem o corpo de uma mulher perdido na mata. A partir daí, uma investigação policial costura a história da minissérie, enquanto outras “investigações” correm em paralelo, de uma ordem muito mais pessoal. “Escrevi os episódios de modo que a verdade por trás das aparências seja revelada em pequenas doses”, disse Linhares. “No fundo, ninguém é o que aparenta ser. Os personagens dissimulam e reprimem seus sentimentos para serem aceitos na vida em sociedade. Mas os crimes e suas consequências vão desvendando as pequenas vidas escondidas por trás das fachadas de cada um. Para isso, construí a narrativa em diversas camadas. No primeiro plano, os crimes e o risco de morte geram tensão e expectativa. Enquanto isso, eu vou descortinando as outras camadas, mostrando o que está oculto sob a aparente harmonia das relações sociais”.

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A história se passa no início da década de 1960 e, apesar de se tratar de um thriller em essência, explorará através de seu texto uma série de posicionamentos da sociedade daquela época. “Os sintomas não são unicamente regionais”, completou Silvestre. “Racismo, intolerância, corrupção têm sido males que nos afligem e nos prejudicam desde que o Brasil era colônia de Portugal”. Ricardo Linhares, contudo, reforçou que a fluidez da dramaturgia só foi possível porque não foi escrita com propósitos discursivos: “Não procurei abordar assuntos contemporâneos. Grande parte dos conflitos daquela época é que permanece atual, infelizmente. Isso dá atualidade à temática, mas a série retrata o período e os costumes de acordo com a mentalidade de 1961 (…) A história é contada do ponto de vista do período, mas o público vai reconhecer e se espelhar em várias situações, porque a essência dos sentimentos continua a mesma, sejam conflitos amorosos, sociais, ou comportamentais”.

De Olhos Bem Abertos

A história da minissérie tem referências atraentes e bastante abrangentes. A trama policial nos remete a Twin Peaks, em que a morte de Laura Palmer afeta todo o organismo sócio-cultural da cidade. Aqui, é a morte de Anita que exerce esse papel. Porém, a identidade visual de Se Eu Fechar Os Olhos Agora contorna o gênero noir e não deixa de passar pelo que de mais envolvente existe na dramaturgia brasileira. O público do seriado vai descobrir as referências, mas o folhetim está presente no DNA da produção. Ricardo Linhares falou um pouco sobre isso: “Meu objetivo foi fazer uma narrativa com dramaturgia brasileira, sem seguir o estilo policial ou detetivesco americano e inglês. Cada capítulo tem uma estrutura independente, o que foge da linguagem das novelas e minisséries nacionais, e o aproxima de uma série. Por exemplo, não acompanho todos os personagens em todos os episódios. Eles só aparecem quando são necessários para a história. Ubiratan (Antonio Fagundes) só entra a partir da metade do segundo episódio. Em qualquer outro produto audiovisual brasileiro, uma estrela como Fagundes teria que aparecer desde o primeiro capítulo. Hanna (Betty Faria) entra apenas nos dois últimos episódios, pois antes não teria função na trama. Procurei criar uma narrativa diferenciada do que estamos acostumados a assistir na TV aberta brasileira. Desenvolvi personagens que eram esboçados no livro, como Geraldo Bastos (Gabriel Braga Nunes) e Dom Tadeu (Jonas Bloch). Inventei novos personagens como Adalgisa, uma ex-miss, (Mariana Ximenes), Edson (Gabriel Falcão) e o repórter Cassiano (Pierre Batelli), entre outros, estabelecendo novos laços românticos, familiares e de amizade”.

Na televisão americana, o sucesso de minisséries como Big Little Lies e The Sinner acabou resultando em uma mudança de conceituação e os produtos se tornaram séries, ganhando novas temporadas. O autor Edney Silvestre foi otimista sobre a possibilidade: “A continuação já existe. Desde o começo. No meu romance há mais informações sobre os homens adultos que Paulo e Eduardo se tornaram, assim como os destinos que os aguardavam (…) há mais em Se Eu Fechar os Olhos Agora e na continuação do romance, depois que Paulo e Eduardo saíram da cidadezinha”. Com esse elenco espetacular que a minissérie apresenta, somado aos personagens ampliados ou desenvolvidos por Ricardo Linhares, às imagens de enorme beleza, às tramas intrigantes e a um cenário como nunca foi visto no Brasil, nem no exterior, Se Eu Fechar os Olhos Agora talvez tenha, mesmo, fôlego para outras temporadas.

Linhares, apesar do claro desejo de ver o universo estendido, deu uma resposta mais realista: “no momento, estou fazendo a supervisão de texto de duas novelas (Amor de Mãe, de Manuela Dias, pras 21h, e Malhação 2020, de Priscila Steinman) e elaborando os capítulos de uma série inspirada em Cacau, livro de Jorge Amado. Mas se houver o interesse em uma segunda temporada, eu topo. Gosto de trabalhar e de criar! Já sei até como seria o ponta-pé inicial. Mas acho que isso dificilmente acontecerá em função dos compromissos que eu, o diretor e o elenco já assumimos”.

Com um crime a ser desvendado, uma amizade que resiste a todo mal e muitos segredos escondidos com sorrisos no rosto e reputações ilibadas, a minissérie Se eu Fechar os Olhos Agora tem direção de Carlos Manga Jr. e ainda Murilo Benício e Debora Falabella no elenco. A estreia acontece em abril na Globoplay e na TV aberta.

Fernanda Montenegro passa mal durante gravação de novela

Atriz teve queda de pressão, mas já recebeu alta

Fernanda Montenegro

Fábio de Souza Gomes/omelete/20.02.2019

Fernanda Montenegro foi parar no hospital após passar mal durante a gravação de A Dona do Pedaço, nova novela da Globo que substituirá O Sétimo Guardião. Segundo o UOL, a atriz de 89 teve uma queda de pressão, mas já recebeu alta.

Fernanda foi indicada ao Oscar por Central do Brasil (1998) e venceu o Emmy Internacional como Melhor Atriz por sua performance na série Doce de Mãe, exibida em 2013 pela Globo

Em 2017, ela foi a convidada de honra da CCXP leia mais.

Shippados | Mundo da nova série dos criadores de Os Normais é revelado em fotos

Seriado da Globoplay será estrelado por Tatá Werneck e Eduardo Sterblitch

Shippados | Mundo da nova série dos criadores de Os Normais é revelado em fotos

Henrique Haddefinir/omelete/12.02.2019

Fernanda Young e Alexandre Machado são velhos conhecidos do público de séries do Brasil. Os dois são responsáveis por sucessos como Minha Nada Mole Vida, Separação, Macho Man e também por alguns títulos controversos como O Dentista Mascarado e o recente Vade Retro, produções que acabaram não sendo bem recebidos por público e crítica. Contudo Os Normais, a grande obra da dupla, não só é um sucesso como também é a produção seriada mais original e interessante da teledramaturgia brasileira: a estrutura, forma, concepção e texto da série permanecem irretocáveis até hoje. Era esperado então que o anúncio de que Shippados, a próxima investida dos autores novamente focada numa relação de casal, tomasse o público de expectativas – mais ainda quando os nomes de Tatá Werneck e Eduardo Sterblitch foram anunciados como os protagonistas.

Diferente das ideias super eloquentes que atrapalharam o andamento de algumas das produções anteriores da dupla, dessa vez as coisas começam naturalmente com um simples encontro de bar. Rita (Werneck) e Enzo (Sterblitch) são jovens típicos do mundo literário de Fernanda Young: universitários, letrados, artísticos e neuróticos. Ambos estão em desastrosos primeiros-encontros quando acabam se encontrando e percebendo uma série de coisas em comum. O neologismo do título é apenas uma pista  de como essa relação será ilustrada. Na época de Os Normais, a internet ainda era um projeto de crescimento cultural. Agora, casais têm seus próprios títulos – misturados como um anagrama dos nomes das partes envolvidas – e quando o público torce por eles, estão “shippando”.

O termo nasceu há muito tempo mas se popularizou na década de 90, por causa do Arquivo XShippar vem de relationship (ou relacionamento, em português) e indica a torcida de alguém por determinada união fictícia. Os fãs da série original Star Trek são apontados como os primeiros a divulgar o termo, mas foi com a torcida por Mulder e Scully que a palavra virou rotina no meio dos espectadores de séries de TV. Torcer por Rita e Enzo é parte do objetivo de Shippados, que vai mesclar esses aspectos modernos das relações humanas, com referências culturais e midiáticas que compõem de modo complexo o universo dos protagonistas.

Aos poucos, o mundo do programa começa a aparecer em detalhes. Nas imagens exclusivas acima, é possível ver um pouco da personalidade de Rita. Eugenia Maakaroun, a produtora de arte da série, apontou bem a natureza da personagem: “Rita é  fruto de um comportamento espontâneo, próprio dela. Quisemos criar esse contraponto. O visual vintage versus o neologismo. Isso foi fundamental pra construção da personagem pois o universo da casa, caótico e old fashion, a aversão a mãe,  a faz mergulhar em um mundo cheio de referências exteriores sedutoras e mágicas que é seu quarto, o canto onde ela faz seus vlogs e conta suas histórias“. 

A cenógrafa Fumi Hashimoto completou: “Rita é uma pessoa inconformada com a sua realidade, oprimida pela sua mãe e pelo mundo e encontra no seu blog uma maneira de externar essa condição. Como os jovens da sua geração tem a internet como local de relacionamento com o mundo exterior. Encontramos juntos com direção, fotografia, figurino, caracterização, produção de arte e cenografia um caminho que nos remete aos jovens da geração dos anos 70, com uma roupagem atual. E também por uma paleta e fotografia mais quente e um visual que provocasse um estranhamento e um Rio de Janeiro mais urbano.

A partir das imagens, é possível perceber que Rita será uma protagonista trabalhada dentro da ideia de contrastes: a literatura de Young é tomada de figuras femininas – quase todas as suas protagonistas são mulheres – que oscilam entre a sensibilidade artística na própria visão de mundo e também um extremo cinismo perante as relações sociais. Maakaroun também fez revelações interessantes sobre os outros personagens que vão compor esse universo: “Rita tem mania de chupar balas e estourar plástico bolha, é ansiosa e bagunceira. Enzo tem mania de organização e limpeza. Não sai de casa sem seu álcool em gel, seu própolis e seu soro para nariz. Brita (Clarice Falcão) conversa com as plantas. Valdir (Luis Lobianco) é aficionado por cinema, quer ser alguém importante nesse meio. Hélio (Rafael Queiroga)  e Suzette (Júlia Rabello) são pessoas comuns, querem muito ser felizes e encontrar alguém.

O quarto de Rita é cheio de objetos vintage e quadros que ilustram a juventude contemporânea, com suas hashtags e ao mesmo tempo, quadros de Frida Kahlo. As portas de seu guarda-roupa são lousas onde ela escreve frases motivacionais e faz desenhos. “Queria criar um contraponto dela com a mãe, que não sai de casa, alienada e viciada em canais de compras“, continuou Maakaroun. “Ela busca essa liberdade e a sua identidade o tempo todo. O quarto dela é um refúgio pra ela, aonde ela pode ser quem ela realmente é e se expressar“. Ao mesmo tempo, o Rio de Janeiro aparece na série também através de um olhar muito especial. Hashimoto explicou bem como veremos a cidade pela lentes conceituais da trama: “Montamos suas casas em contraponto aos seus ambientes de trabalho que representam o mundo frio e esmagador. Ao mesmo tempo, o ambiente de encontro deles é o mundo do convívio da diversidade dos bares do centro da cidade, do metrô. Quisemos mostrar um lado do Rio de Janeiro que não é dos cartões-postais mas que tem uma beleza cinematográfica.

Vemos nos móveis, na arquitetura, nos objetos, na fotografia a história que faz parte das nossas vidas, brasileiros e cariocas. Acreditamos que é nossa contribuição para promover também a empatia com a estória desses nossos queridos e desajeitados anti-heróis“, conclui Hashimoto. Shippados deve ter sua estreia muito em breve na Globoplay e, enquanto isso, resta torcer para que vivamos um pouco mais da mágica dramatúrgica que os autores captam tão bem quando constroem relações improváveis de amor. Estamos torcendo por Shippados… Estamos shippando. 

Sessão de Terapia estreia no Globoplay

Nova temporada estreia no segundo semestre

Sessão de Terapia estreia no Globoplay

Julia Sabbaga/omelete/12.02.2019

As três primeiras temporadas de Sessão de Terapia chegaram à Globoplay, em tempo para aquecimento dos novos episódios da série, esperados para o segundo semestre. Todos os 115 episódios produzidos em três anos já estão disponíveis na plataforma de streaming, onde a quarta temporada estreará com exclusividade.

Dirigida por Selton Mello, Sessão de Terapia acompanha o dia a dia profissional e pessoal do psicanalista Theo (Zécarlos Machado). A produção já contou com nomes como Maria Fernanda Cândido, Letícia Sabatella, Selma Egrei, Camila Pitanga e Sérgio Guizé no elenco.
 
A nova temporada, produzida em parceria entre Globoplay com o GNT, está sendo gravada em São Paulo. No novo ano, a série será protagonizada por Selton Mello e Morena Baccarin.

Globo diz que Sessão da Tarde e Encontro com Fátima Bernardes continuam na grade

Rumores diziam que emissora pretendia acabar com as atrações

Globo diz que Sessão da Tarde e Encontro com Fátima Bernardes continuam na grade

A cozinha/12.02.2019

Procurada pelo Omelete, a assessoria da TV Globo afirma que tanto a Sessão da Tarde, como o Encontro com Fátima Bernardes não acabarão. 

Rumores recentes sugeriam que a TV Globo estava estudando tirar a Sessão da Tarde da sua programação. De acordo com o Na Telinha, a mudança faria parte da reformulação da grade do canal para 2019. A medida estaria dividindo opiniões dentro da Globo e, por isso, trocou-se o horário da Sessão da Tarde em janeiro, como um último teste para avaliar a viabilidade do programa.

Já o TV Fama diz que o Encontro terminará no fim de fevereiro e Fátima Bernardes ganhará um novo programa na parte da tarde, cobrindo os espaços deixados pelo Vídeo Show e supostamente pela Sessão da Tarde. 

Na reformulação da sua programação, a emissora já cancelou neste ano o  Video Show, que era exibido diariamente há 35 anos, e o humorístico Tá no Ar.

Ilha de Ferro é renovada para a terceira temporada

Novidade foi anunciada em evento de executivos de TV

Foto de Ilha de Ferro

Camila Sousa/omelete/24.01.2019

Durante sua participação na NATPE (National Association of Television Program Executives), a Globoplay anunciou a renovação de Ilha de Ferro para sua terceira temporada (via Variety). O seriado original do streaming foi lançado e 2018 e o segundo ano já ganhou o primeiro trailer – assista aqui.

Por enquanto a data de estreia da segunda temporada ainda não foi divulgada e o terceiro ano ainda deve entrar em produção. Fique de olho no Omelete para saber tudo.

No mesmo evento, o Globoplay anunciou a venda da série Assédio para a emissora Mega, do Chile, e a compra de The ABC MurdersOrdeal by Innocence para o seu catálogo.

Ilha de Ferro se passa em uma plataforma de exploração de petróleo e conta a história de uma equipe que se divide entre os dilemas da vida familiar em terra firme e o clima tenso em alto-mar. Estão no elenco ainda Klebber Toledo, Sophie Charlotte, Osmar Prado e Cássia Kiss. A série é criada e escrita por Max Mallmann e Adriana Lunardi, com supervisão de texto de Mauro Wilson e direção artística de Afonso Poyart.

Globoplay colocará Big Bang Theory e Young Sheldon no catálogo ainda em janeiro

Sitcoms ganharam data para chegar ao streaming

Globoplay colocará Big Bang Theory e Young Sheldon no catálogo ainda em janeiro

Arthur Eloi/omelete/23.01.2019

The Big Bang Theory e Young Sheldon, seu derivado, ganharam data para chegar ao catálogo do Globoplay. O serviço de streaming anunciou que colocará as duas sitcoms a partir de 25 de janeiro.

Inicialmente, serão disponibilizadas as quatro primeiras temporadas de TBBT e a primeira de Young Sheldon. Ainda não há previsão de chegada para os demais episódios.

Globoplay é o serviço de streaming da emissora, que reúne tanto conteúdos da TV nacional, quanto produções internacionais.

Verão 90 | Comum nas séries, resgate de décadas invade o terreno das novelas

Próxima novela das Rede Globo revisita os anos 90 usando de humor e metalinguagem

Verão 90 | Comum nas séries, resgate de décadas invade o terreno das novelas

Henrique Haddefinir/omelete/21.01.2019

Existem séries que voltam ao passado, e as que são sobre o passado. Pode parecer estranho, mas embora tudo fale a respeito de uma época, as abordagens em cada caso são diferentes: algumas vezes produções como Downton Abbey são todas sobre o passado, mas como pano de fundo para uma história que até depende de elementos desse tempo, mas com uma dramaturgia que não se baseia nele. Já em produções como Stranger Things, até mesmo o marketing estabelece a época onde ela se passa é um dos protagonistas, o que significa investir em signos específicos daquele período, dando muita importância, inclusive, a como aquele momento da história influenciou a cultura pop. Séries de TV se especializaram em voltar a décadas específicas, e por causa delas é que o gênero da “época” sofreu essa pequena subdivisão.

A próxima novela das 19 horas da Rede Globo pode não ter a sutileza como palavra de ordem, mas vai tentar trazer os anos 90 de volta para o centro das atenções. Verão 90, trama escrita por Izabel de Oliveira Paula Amaral que foi apresentada aos jornalista em evento no Rio de Janeiro, situará sua história, personagens, símbolos e características na década em que tudo na arte estava se transformando.

Rio 90 Graus

A arte é um ponto importante a ser considerado porque boa parte dos elementos de Verão 90 serão dispostos em torno dela. A história gira em torno de um trio musical infantil que foi um fenômeno cultural ainda na década de 80. A referência é clara: o Trem da Alegria da realidade virou a Patotinha Mágica da ficção. Os três – dois meninos e uma menina – fizeram muito sucesso, mas o tempo avança até os anos 90 e todo esse sucesso ficou para trás. Rafael Viti Jesuíta Barbosa fazem os meninos do grupo, que também são irmãos e apaixonados pela menina, Isabelle Drummond, que era parte do grupo. João, personagem de Viti, conseguiu manter um pouco da própria evidência através de um programa musical nos moldes da MTV. Já Jerônimo, personagem de Barbosa, caiu no esquecimento e se ressente da separação e do anonimato. Manuzita, a menina, nunca teve talento, mas sua mãe delusional vivida por Claudia Raia, a convence a continuar tentando a fama.

Essa base dramatúrgica é completamente folhetinesca, mas é apenas uma forma de começar o investimento da metalinguagem que permeará a novela. Por ter personagens perseguindo a fama, envolvidos com música, a produção investirá pesado em tudo que era vigente naquela época. Jorge Fernando, o diretor, é um símbolo teledramaturgico desse período: a novela terá ares de Rainha da Sucata, brincará de Caçadores de Emoção, terá uma Brasília amarela, um canal de música cheio de videoclipes, citações, referências, atores de pornochanchada e até uma vidente (vivida por Fabíola Nascimento) que vai fazer previsões de um futuro que o público já conhece.

No próprio evento de lançamento da novela, tudo foi preparado para transportar os presentes para aquela época: um ônibus decorado pegou os jornalistas no Arpoador e até o trajeto aos Estúdios Globo, todos tinham que responder a um quiz sobre a década de 90, ganhando brindes que tinham a ver com o mesmo período. Nos estúdios os jornalistas foram recepcionados pela Priscilla, da TV Colosso; e também puderam conhecer o set da boate frequentada pelos personagens principais. A trilha era tomada de Roxette, Information Society, A-ha, Pet Shop Boys, enquanto a comida também ajudava no clima quase sinestésico da ocasião. O elenco – inteiro – chegou a preparar um flashmob para apresentar aos jornalistas. Uma imersão total.

Autoras, diretor, elenco, todos os envolvidos parecem ter um único objetivo em comum: não apenas usar os anos 90 como ilustração lúdica, mas trazer de volta o espírito transgressor e politicamente incorreto daquele momento da nossa história; recuperar o exagero, a liberdade de expressão e o desapego a convenções visuais. A ideia é reproduzir a época através de seus códigos culturais e artísticos, o que aproxima a novela desse híbrido serialesco que pode ser a tendência dos anos 2000 (passível de resgates quando nós formos o passado).

Verão 90 estreia em 29 de janeiro e também tem no elenco nomes como Claudia Ohana, Humberto Martins, Dira Paes, Totia Meireles, entre outros.