Quando foi anunciado que Big Little Liesteria uma segunda temporada, muitos fãs ficaram em dúvida. Afinal, o primeiro ano contou toda a história mostrada no livro de Liane Moriarty
e os novos episódios seriam uma história inédita. Apesar disso, a
própria autora ajudou no desenvolvimento e o resultado é um segundo ano
que promete muito, especialmente pelo papel de Meryl Streep como Mary Louise Wright.
Com uma abertura atualizada, “What Have They
Done?”, episódio de estreia do segundo ano, mostrou que a avó já está
totalmente adaptada ao ambiente da casa do filho. Ela cuida dos netos,
que a respeitam muito, mas acima de tudo Mary Louise quer respostas pelo
que aconteceu com Perry. Fica claro desde o começo que seu objetivo ali
não é dar suporte para Celeste (Nicole Kidman), mas sim se aproximar o suficiente para conseguir extrair a verdade.
É preciso dizer que tal trama não é exatamente
inédita. Ter uma mãe investigando a morte do filho não é em si algo
surpreendente, mas o que torna isso tão especial é a atuação de Streep.
Variando entre uma senhora insegura e uma mulher incisiva, Mary Louise
tem diálogos absurdos (e divertidíssimos) com todos na série,
especialmente com Madeline (Reese Witherspoon). A personagem, assim como todos em Big Little Lies, tem várias camadas e passa por elas de acordo com os acontecimentos.
Se Streep brilha de um lado, a estreia do segundo ano também dá mais destaque para Bonnie, personagem de Zoe Kravitz.
Diretamente responsável pelo que aconteceu com Perry, ela mostra desde o
começo que não sabe lidar com aquilo. Enquanto Madeline, Jane e Renata
seguem (ou pelo menos tentam) suas vidas normalmente, Bonnie não faz
nenhuma questão de fingir que está bem. A personagem está atormentada,
com medo e deixa claro que não faz parte do mesmo mundo de aparências
das outras mães de Monterrey. Bonnie sente culpa e isso pode levar a
grandes desdobramentos na temporada.
Ter uma mulher, neste caso Andrea Arnold,
na direção do episódio também cria pontos importantes, especialmente
com Celeste. A personagem de Kidman vivia um relacionamento abusivo e
violento com o marido, mas isso não passou com a morte dele. Flashbacks
rápidos que mesclam momentos bons (em sua maioria) e ruins do
relacionamento mostram como, apesar de morto, Perry ainda tem uma grande
influência sobre Celeste. Mesmo tudo o que sofreu e sabendo do que ele
fez a Jane, em seu íntimo, a mulher sente falta do marido, ao mesmo
tempo em que o odeia. É uma relação complicada, que apenas quem já
passou por um relacionamento assim sabe como é.
Com todos esses pontos, Big Little Lies
volta forte em sua segunda temporada. Mesmo que a ausência do livro
fique clara nos diálogos ligeiramente mais simples, o elenco está
afinadíssimo com os personagens e a entrada de Streep foi uma ótima
solução para, de certa forma, substituir a figura de vilão ocupada antes
por Perry. Mary Louise é muito mais sutil e estrategista do que o filho
e promete dar trabalho para as protagonistas.
Big Little Lies é exibida aos domingos, na HBO, e os episódios também ficam disponíveis no HBO GO.
Trilha sonora e bons diálogos dão o tom dos primeiros episódios
Camila Sousa/omelete/05.06.2019
É praticamente um consenso que a primeira temporada de The Handmaid’s Tale
foi perfeita. Isso, apesar de muito bom, também criou um problema para a
segunda: como superar algo tão bom? Com tanta expectativa, a
continuação da série deixou a desejar na opinião de vários fãs, que
criticaram o excesso de violência e cenas pesadas demais. Felizmente, a
equipe parece ter ouvido os fãs, já que a terceira temporada começa
focando principalmente na relação entre as mulheres.
Ao invés de estrear com um episódio, como a maioria dos seriados costuma fazer, The Handmaid’s Tale
começou seu terceiro ano divulgado os três primeiros capítulos, com 50
minutos cada. Uma escolha ousada, já que a duração total ultrapassa até
os filmes mais demorados, mas após assistir fica claro que o objetivo
foi passar uma mensagem: no meio de tanto caos e tristeza, ainda há
esperança para as mulheres de Gilead.
A interação e sororidade entre elas é o grande foco deste começo. Depois de tudo o que passaram juntas, June (Elisabeth Moss) e Serena Joy (Yvonne Strahovski)
estabeleceram uma relação de respeito mútuo que ecoa em várias cenas.
Uma, particularmente especial, tem a protagonista se dirigindo
diretamente para Serena e ignorando a presença do Comandante Fred (Joseph Fiennes),
que está na mesma sala, mas é ignorado pelas mulheres. Tal momento é
catártico porque mostra como a presença masculina é irrelevante: ali
apenas June pode entender a dor de Serena.
Esses momentos de sororidade se repetem entre
June e outras aias; June e Marthas e até mesmo entre Serena e a Martha
que atende sua casa, em um momento delicado e inédito nas três
temporadas. Tais cenas funcionam por conta do bom roteiro, que dá falas
poderosas para essas mulheres, e pela atuação do elenco. Elisabeth Moss
expressa no rosto de June todas as dores pelas quais a personagem já
passou e entrega um contraponto interessante: ela mostra força no meio
da fraqueza e fraqueza em momentos de força. Nada disso é exagerado ou
caricato: uma tremida nos lábios, um olhar baixo ou uma respiração mais
profunda já são o suficiente para mostrar as camadas da protagonista.
O mesmo acontece com a Serena de Strahovski.
Agora em uma posição muito mais frágil do que nas temporadas anteriores,
Serena chora ao perceber seu papel naquela sociedade, fica angustiada
ao perceber que não há o que fazer, mas, ainda assim, tira forças para
mergulhar (literalmente) em algo novo e deixar o antigo para trás. Essa
narrativa da personagem fica muito clara no primeiro episódio, quando há
uma belíssima cena com fogo, e no terceiro, em uma sequência na água.
Serena mudou após o desfecho do segundo ano e essa dualidade é o que
torna a personagem tão interessante, se não mais, do que June.
Tecnicamente, The Handmaid’s Tale está
em seu melhor. Como já citado, há uma cena com fogo que destaca tanto a
bela fotografia, quanto a trilha sonora. O hábito de tocar músicas
“modernas” como contraponto já não aparece tanto, mas quando isso
acontece é catártico e vale a pena ir atrás das letras para entender
porque tal canção foi colocada em tal momento. Aliás, essa é a grande
sensação com este começo da terceira temporada: nada está em tela por
acaso. Cada luz com uma cor diferente, cada ângulo de câmera, cada
figurino comunica algo extremamente importante para o que está
acontecendo e dá gosto passar o olho pela tela e reparar em todos os
detalhes.
Ainda há violência em The Handmaid’s Tale,
mas foco da terceira temporada, pelo menos por enquanto, é mais na
violência psicológica do que física. June tem grandes embates com o
Comandante Joseph Lawrence (Bradley Whitford), antes de
reunir forças para contra atacá-lo. Cenas de punições físicas são
escondidas e dão lugar à diálogos crus que fazem June chorar e se sentir
sem forças. Porém, como citado anteriormente neste texto, o grande
trunfo da personagem é encontrar forças no meio de suas fraquezas e por
isso June ascende, ainda que machucada, para ajudar em uma rede de
resistência formada por mulheres.
Aliás, é curioso perceber como isso reflete a própria jornada de The Handmaid’s Tale.
A terceira temporada chega forte, mas sem precisar de cenas viscerais. A
força está nos detalhes, no roteiro bem escrito, em duas personagens
que se olham à distância e reconhecem as dores uma da outra. Se
continuar assim, a temporada tem tudo para levar todos os prêmios
possíveis.
Drama de Craig Mazin é improvável novo hit da emissora
Julia Sabbaga/omelete/04.06.2019
Quando a HBO saía da ressaca de Game Of Thrones
no meio de maio, o debate era em torno da próxima fantasia que
capturaria o público, algo que parecia distante de acontecer, pelo menos
por algum tempo. E enquanto a indústria coçava a cabeça para encontrar
um substituto, um improvável thriller dramático e político surpreendeu a
audiência, rapidamente se tornando uma das séries mais bem avaliadas de
todos os tempos: Chernobyl. Claro que a criação de Craig Mazin, que conta a história do desastre nuclear de 1986, não será o substituto de Game Of Thrones, até porque em seu país de origem, EUA, a série de cinco episódios já se encerrou. Mas Chernobyl chamou atenção por comprovar um interesse diversificado e surpreendente do público geral.
Chernobyl surgiu com pouca divulgação no Brasil, com
exceção de alguns teasers, e foi daqueles casos que pegou o público de
surpresa e se propagou com o boca a boca. Nas últimas semanas, foram
relatos nas redes e correntes no Twitter que ajudaram a promovê-la.
Atualmente, Chernobyl está no topo das séries mais bem avaliadas no Imdb,
e enquanto isto pode ser síndrome de empolgação do público, que acabou
de maratonar a minissérie, a produção da HBO merece sim estar lá em cima
na lista.
A obra é, em primeiro lugar, surpreendente em todos os aspectos. Chernobyl saiu da mente do roteirista de Se Beber, Não Case e Todo Mundo em Pânico 3 e 4 e é dirigida por Johan Renck, mais conhecido por seu trabalho em videoclipes e, mais recentemente, por episódios de Breaking Bad, Bates Motel e Vikings.
A parceria resultou em um trabalho admirável de pesquisa e
comprometimento com a estética que não se vê todo dia na televisão. Os
elogios não vieram apenas deste lado do mundo; como uma série americana
que conta uma história soviética, Chernobyl seria, naturalmente, alvo de
críticas do lado de lá, e foi. Mas o número de críticos russos que
elogiam a fidelidade da produção com a realidade é chamativo. No Twitter, o jornalista russo Slava Malamud viralizou com seus comentários sobre cada episódio: “É
quase inconcebível que um programa ocidental trabalhe nesta quantidade
de detalhes para retratar autenticamente a vida soviética desta era,
sabendo muito bem que seu público alvo nunca apreciará o esforço ou
realmente entenderá”.
Mas o que faz de Chernobyl, uma série dramática,
pesada e de ritmo lento, tão atraente para o público geral? Existem,
realmente, inúmeros fatores. A escolha do tema é um fator quase
bizarramente óbvio: porque não havia nas grandes plataformas um
documentário sobre Chernobyl? Na mania da Netflix de distribuir
produções baseadas em tragédias, assassinatos e histórias reais de casos
policiais, é intrigante que não houvesse ainda uma obra que explorasse o
maior desastre nuclear da história. A sede do público já estava
comprovada, a HBO apenas percebeu e aproveitou a oportunidade antes. A
boa notícia é que isto não aconteceu às pressas.
A extensa pesquisa sobre o acidente real é algo visível em cada um dos capítulos de Chernobyl.
Mazin se preocupou com costumes da época até os mínimos detalhes, algo
que pode passar despercebido pelo público brasileiro, por exemplo, mas
não escapa do telespectador russo, que aliás, contribuiu para que a
série seja um sucesso: “Chernobyl é mais verídico do que qualquer série ocidental sobre a Rússia”,
disse Malamud. Claro que ela não passou livre de críticas do ex-mundo
soviético, e com cinco episódios focados na mente e na vida dos
indivíduos daquele país, detalhes incorretos – como a maneira em que os
soldados russos seguram os fuzis – foram encontrados.
Quando se trata de um país reservado e distante, ainda mais em
época de Guerra Fria, é difícil julgar de longe o que realmente é uma
representação prejudicial da sociedade russa para os russos. Mas Chernobyl
chama atenção, no mínimo, pela representação perfeitamente humana dos
russos, algo raro de se ver em grandes produções americanas. Não há
sotaques exagerados ou uma ideia caricata do psicológico soviético. Cada
intenção e comportamento dos personagens é compreensível, até mesmo a
negação dos que estavam na usina desde o começo. Segundo Ilya Shepelin, do The Moscow Times, grande parte das críticas do povo russo à Chernobyl surgiu de um ressentimento:
“O fato de que um canal americano, não russo, está nos contando sobre
nossos próprios heróis é um fator vergonhoso para a mídia pró-Kremlin.
Esta é a razão real pela qual eles acham erros em Chernobyl”. Não á
à toa que uma produção russa sobre o desastre nuclear já foi anunciada,
focada na teoria de que um agente da CIA foi enviado à usina com
intenções de sabotagem.
O que é curioso sobre a declaração de Shepelin é que Chernobyl
foca realmente nisto: nos heróis. A série não vilaniza personagens,
apesar de apontar culpados pelo sistema de mentiras e omissões que
cresceu na União Soviética. Figuras que contribuíram para o desastre não
são retratadas como caricaturas e poderiam existir em qualquer
nacionalidade. No quarto episódio, o personagem de Stellan Skarsgård descreve a USSR como “uma nação obcecada em não ser humilhada”. A frase é muito apropriada para a União Soviética, mas não estaria tão distante de uma descrição dos EUA ou do Brasil atuais.
Os três personagens principais de Chernobyl – Valery Legasov (Jared Harris), Boris Shcherbina (Stellan Skarsgård) e Ulana Khomyuk (Emily Watson)
– são os elementos mais básicos que comprovam a humanidade da série. Ao
enfatizar no heroísmo das figuras por trás da investigação, Chernobyl
vai contra à tradição americana de retrato dos russos. É belo e
admirável. A personagem de Watson, fictícia, mas que representa uma
amálgama de cientistas soviéticos da época, foi inspirada fortemente no
próprio Manzin: “Ela é uma extensão do meu fervor quando se fala deste assunto” [via CB].
Para colaborar com tudo isso, a atuação dos três certamente chama
atenção e deve marcar diversas categorias na temporada de premiações da
TV.
Apesar de tudo isso, não é apenas a escolha da história, a pesquisa, o elenco e a estética de Chernobyl
que explicam seu merecido sucesso. Existe algo fundamental que está na
base de sua narrativa, que torna a história não apenas relevante como
abrangente: a sua tese. No primeiro episódio, Legasov explicita a
importância da investigação e a divulgação da verdade: “Qual é o
custo de mentiras? Não é que podemos confundi-las com a verdade. O
perigo real é que se ouvirmos mentiras o bastante, não reconheceremos
mais a verdade”. A mensagem por trás disso parece mais atual do que nunca.
Chernobyl é uma história universal. É um caso cujas
consequências foram únicas na história da humanidade, mas seus motivos –
arrogância, mentiras, desinformação e fragilidade humana – são
elementos eternos. Mazin explicou isso perfeitamente ao Cinema Blend:
“No final das contas, o que aconteceu não foi por causa de uma pessoa
com más intenções. Isto é coisa para contos de fadas. Quando deixamos
este reino, não há uma vilão. Não é uma pessoa, e sim uma coleção de
fraquezas humanas, que requerem que examinemos nós mesmos”.
Andrea Berloff estreia na direção em drama protagonizado por mulheres
Julia Sabbaga/omelete/03.06.2019
Em 2016, Andrea Berloff chamou atenção de Hollywood como uma roteirista novata que levou uma surpreendente indicação ao Oscar por Straight Outta Compton: A História do N.W.A. Desde então, sua carreira se desenvolveu com roteiros de filmes de violência – como Herança de Sangue e Crimes na Madrugada
– mas atualmente, Berloff prepara o lançamento de seu primeiro longa na
direção, que segue o mesmo rumo, mas promete subverter o gênero de
gângsters: Rainhas do Crime.
The Kitchen, no título original, é uma adaptação da HQ homônima do selo Vertigo, da DC Comics,
e segue a história de três esposas de gângsters no bairro de Hell’s
Kitchen, em Nova York, nos anos 70, que tomam o sistema nas próprias
mãos após seus maridos terem sido presos. O Omelete
visitou o set da produção durante as filmagens, podendo conferir de
perto a recriação da Nova York antiga e ainda conversou com a diretora, o
produtor Michael De Luca e as três protagonistas, Elizabeth Moss, Melissa McCarthy e Tiffany Haddish.
Segundo Andrea, o longa pretende seguir as regras dos filmes de
gângsters, mas com um elemento fundamentalmente diferente: as
protagonistas femininas. Fã dos clássicos filmes o gênero, Andrea
explicou a inovação de Rainhas do Crime como algo que saiu de um incômodo pessoal com seus próprios filmes favoritos: “[Martin] Scorsese
é um dos meus ídolos, um de meus diretores favoritos, mas onde estou eu
em seus filmes? Eu nunca vou fazer um filme melhor que os dele, então
não vou tentar, mas vou fazer o meu próprio filme e me colocar nesta
história, pensando em como as mulheres estariam inseridas neste sistema”.
O produtor do longa, De Luca, complementou a ideia, explicando que Rainhas do Crime
é um filme do estilo, mas com uma ideia refrescante, e que as
protagonistas femininas alteram profundamente a trama tradicional: “Rainhas
do Crime é mais emotivo. Andrea gosta de brincar com a profundidade de
seus personagens, com influência de O Poderoso Chefão, algo que está na
base de todos nós. O que nos interessa é o que faz as pessoas se
sentirem atraídas ao mundo do crime, ela se aprofunda neste tipo de
ambiguidade moral”. Ainda para Andrea, as diferenças para um cenário dominado por mulheres é substancial: “É
legal explorar a ideia do que acontece quando as mulheres dominam o
mundo, como é diferente. Há uma camaradagem entre mulheres, no modo
diferente que mulheres tendem à trabalhar”.
As influências de Scorsese, Francis Ford Coppola e a ambientação nos anos 70 não impediu que o longa tomasse discussões de gênero no contexto atual, e segundo Andrea, Rainhas do Crime
quer trazer o debate com um toque contemporâneo, e não no contexto de
78 e 79, época na qual o filme se passa. A diretora ainda explicou que
não é apenas a questão de gênero que está sendo discutida, e que Rainhas do Crime pretende sim começar um debate: “Há
uma conexão legal neste filme entre raça, classe e gênero. Todas estas
coisas estão no centro da discussão e eu espero que isto provoque uma
conversa”.
Embora o nome de Elizabeth Moss esteja frequentemente associado
à produções dramáticas, Tiffany Haddish e Melissa McCarthy são nomes
surpreendentes quando se imagina um filme clássico de gângsters, por seu
currículo majoritariamente cômico. Sobre isso, Andrea enfatiza que Rainhas do Crime é um drama e passa longe de ser engraçado, também relacionando esta visão ao estreitamento do papel feminino: “É
um filme de gangster, é um thriller, não é uma comédia. Todas nós
acabamos limitadas de algum modo na vida. Parte do que foi divertido
para elas foi brincar com estas definições. Quem disse que Tiffany e
Melissa não podem ser atrizes dramáticas incríveis? Elas são, e só
precisam da oportunidade e do material”.
Rainhas do Crime estreia em 9 de agosto nos cinemas brasileiros.
Nova versão falha em entender o personagem e lança festival de violência gratuita e vazia
Gabriel Avila/omelete/31.05.2019
O novo filme do Hellboy tem problemas. Eu, você e até o próprio David Harbour, que interpreta o protagonista na produção, sabemos disso.
Parecia ser o momento perfeito para que o demônio retornasse aos
cinemas, já que completa 25 anos de existência em 2019 – ano em que os
filmes de super-heróis estão em alta, com um deles quebrando recordes de bilheteria
a cada semana. Mas o longa escolhe o caminho errado e deixa de lado os
principais aspectos que tornam Hellboy um personagem tão cativante para
trás.
Meu primeiro contato com o Vermelhão se deu através do filme de Guillermo Del Toro
lançado em 2004 e foi paixão imediata. O conceito de um demônio
carismático lutando contra criaturas fantásticas para salvar o mundo do
mago que o invocou era muito diferente de qualquer coisa que eu tinha
consumido até então. Fiquei tão fascinado pelo personagem que caí de
cabeça nas HQs, o que dificilmente acontecerá com o público que tiver
coragem de conferir o reboot. Nele, toda a magia em torno do Vermelhão e
seu rico universo é desperdiçada em virtude de um enredo mais
preocupado em chocar com tripas e sangue jorrando na tela do que em de
fato apresentar um dos mais icônicos e excepcionais personagens dos
quadrinhos.
O filme de Neil Marshall é uma colcha de
retalhos calcada em brutalidade, fazendo pouco para desenvolver ambos os
lados do embate entre bem e mal que a trama propõe. Se por um lado
Hellboy é marrento, pronto para lançar vergonhosas frases de efeito em
qualquer situação, a Rainha de Sangue e seus lacaios só
estão ali porque o mocinho precisa de alguma coisa para bater,
recriando a velha história do vilão traído que jurou vingança contra a
humanidade. Tudo isso temperado com uma sanguinolência que não tem outra
justifica a não ser dar ao filme uma classificação para maiores de
idade.
Reprodução/Dark Horse Comics
Acompanhando um herói armado, boca suja e cheio de piadas, a produção mais parece um roteiro rejeitado para Deadpool
que caiu no colo de um estúdio incapaz de distinguir as temáticas e
decidiu tocar o projeto assim mesmo. Hellboy nunca foi sobre gore e
palavrões. Nas histórias publicadas pela Dark Horse Comics, a jornada do personagem mistura elementos literários de autores como H.P. Lovecraft com a abordagem aventuresca dos quadrinhos norte-americanos em uma evolução baseada em uma busca por redenção.
Conforme avança em sua jornada nas HQs, Hellboy descobre que está destinado a reinar no inferno como Anung un Rama, a besta responsável pela libertação do apocalipse. O longa é baseado em uma extensa história dividida em três minisséries Clamor das Trevas, Caçada Selvageme Tormento e Fúria,
que servem como uma espécie de clímax para a trajetória do personagem. É
uma sequência arriscada para adaptar em um reboot, mas com o devido
cuidado poderia servir como o reinício da franquia nos cinemas e ao
mesmo tempo ampliar o que já havia sido estabelecido na versão anterior.
Por anos, a decisão de salvar ou condenar a vida na Terra
pairou sobre o personagem que recusa deixar se deixar definir pelo par
de chifres em sua testa, e o filme até tenta tornar essa questão como
fio condutor da trama, mas abandona qualquer sutileza e joga seu
protagonista em situações óbvias que não permitem que essa dualidade
pareça legítima. Embora Harbour tente se defender dizendo que se trata
de um filme para “alugar ou ver no avião”, isso é muito pouco para um personagem tão fascinante. Hellboy abre um leque enorme de histórias a se construir.
Fui ao cinema na esperança de reencontrar em carne e osso
aquele personagem que aprendi a amar em aventuras épicas, divertidas e
às vezes até emocionantes. Mas ele se perdeu no caminho do que viria a
se tornar um festival de violência gratuita e vazia. O longa poderia ser
aventura, suspense, ou até mesmo enveredar para o horror – o que tenta
na única cena realmente boa estrelada pela bruxa Baba Yaga – mas não faz nada por completo e só consegue ser decepcionante.
Reality show de drag queens está na Netflix e faz barulho nas redes sociais
Camila Sousa/omelete/31.05.2019
Em algumas noites de quinta-feira (como na última, 30), é comum a hashtag #DragRace aparecer nos trending topics nacionais do Twitter. Mas enquanto os fãs se divertem, muitos não sabem que esse nome se refere à RuPaul’s Drag Race, o reality show de drag queens que está disponível na Netflix e conquistou um grande público nos últimos anos.
A lógica do Drag Race é semelhante a
outros programas do gênero: pessoas são confinadas em um certo espaço e
precisam passar por provas semanais para garantir sua permanência. Ao
final, um grande evento ao vivo é feito com as finalistas e a vencedora é
anunciada. Mas o grande charme de RuPaul’s Drag Race não é exatamente O QUE é feito, mas sim COMO.
Criado em 2009 pela drag RuPaul Charles, o seriado tem como uma das premissas básicas apresentar a cultura e o universo drag para o público. É comum começar a ver o programa e não entender bem algumas expressões que são ditas, mas aos poucos tudo isso se torna tão natural que o público termina de assistir falando “Shantay, you Stay” e “Sashay, away” (expressões de Ru para indicar quem fica e quem sai naquela semana).
As provas do Drag Race também contribuem
muito para isso. Ao invés de testes de lógica ou resistência, as queens
precisam provar seu carisma, originalidade, audácia e talento em
desafios de alta costura, dança, atuação, imitação (olá Snatch Game) e,
muitas vezes, se apresentam ao vivo e sem cortes, dançando e performando
de forma única. Outro ponto interessante é são as transformações de
cabelo e maquiagem. Enquanto se preparam, as drags aparecem
“desmontadas” em suas versões do dia a dia e sempre é uma surpresa ver
como elas conseguem se maquiar e ficar belíssimas para as apresentações
na passarela.
Junto à tudo isso estão características comuns
de realities, que ganham novos contornos. As intrigas, medo de falhar em
algum desafio e brigas entre as queens são exploradas com depoimentos
das próprias durante os episódios. Quem consegue passar por toda essa
pressão é coroada com o título de America’s Next Drag Superstar (A próxima estrela drag americana)
e recebe prêmios em dinheiro e maquiagem. Mas o consenso entre as
vencedoras do Drag Race até agora é que o valor é sim muito importante,
mas a visibilidade de carreira atinge outros níveis. Até mesmo para quem
é eliminada antes, participar do programa abre portas para contratos
comerciais, séries próprias e até participações no cinema, como
aconteceu recentemente com Shangela e Willam em Nasce uma Estrela.
Confessionário é o momento de falar tudo
RuPaul’s Drag Race/VH1/Divulgação
Todos nascemos nus e o resto é drag
Tudo o que foi dito até agora pode parecer um pouco fútil, mas a verdade é que no meio de glamour e belas roupas, RuPaul’s Drag Race
é um programa que fala sobre pessoas, suas falhas e superações. Os
depoimentos que aparecem em cada episódio são uma grande prova disso.
Muitas vezes uma drag que está lindamente vestida no palco revela o
quanto estava nervosa e insegura naquele momento, mas continuou com sua
apresentação. Há ainda o Untucked, um mini programa lançado em
paralelo aos episódios que mostra muito mais dos bastidores, incluindo
momentos de choro e fragilidade das participantes, que compartilham
entre si e com o público histórias de bullying, preconceito e falta de
aceitação por suas famílias.
Quem escolhe ser Drag Queen faz isso por amor.
Não é fácil ter reconhecimento, ganhar dinheiro suficiente para se
sustentar e fugir de todo o preconceito. Por mais que o valor financeiro
seja um dos grandes atrativos do programa, e que a atração tenha
momentos de exagero criando “personagens” para as participantes, quem pisa na passarela de RuPaul’s Drag Race
sabe que estar ali é uma realização de vida. Para nós, o público, ficam
os ensinamentos de nunca deixar de acreditar em si e se levantar a cada
derrota, de preferência com muita maquiagem e um saltão no pé.
Como achar para uma longeva série de TV um desfecho que esteja à
altura da expectativa de seu público? Algumas escolhem as reuniões de
reminiscências (Seinfeld, 30 Rock), outras vislumbram futuros num “superfinal” (MASH, A Sete Palmos, Star Wars Rebels, Futurama) e muitas vão no caminho tradicional do crescendo e do arco dramático em ciclo que se fecha (Buffy, Mad Men, Breaking Bad, Família Soprano).
E há a saída da metalinguagem. Ela aparece com frequência como
uma forma segura de surpreender o espectador. É segura porque a
metalinguagem sempre faz os roteiristas parecerem mais espertos do que
realmente são – os titereiros que têm domínio completo sobre o seu
teatro de bonecos. O tiro pode sair pela culatra, porém, ao sublinhar
que o público também foi controlado na encenação. É famoso o final da
série médica St. Elsewhere, que mostrava um menino autista
brincando com um globo de neve em que aparecia o prédio do hospital onde
o seriado se passou por seis temporadas; a NBC recebeu reclamações em
1988 porque “como assim os médicos não eram de verdade?”.
Nenhum final foi mais certeiro na sua ousadia, porém, do que o último episódio de Newhart.
A sitcom da CBS, exibida nos EUA entre 1982 e 1990, fez a escolha da
metalinguagem pela via mais arriscada, a do motivo de que “tudo não passava de um sonho”. Ao invés de indignar o público, porém, o desfecho atendeu a um fan service de DOZE ANOS que ninguém esperava.
Newhart era estrelada pelo ator e comediante Bob Newhart, mais conhecido hoje como o Professor Proton de The Big Bang Theory. Ele já havia vivido um psicólogo por seis temporadas na sitcom The Bob Newhart Show e em seguida fechou com a CBS para protagonizar Newhart, no papel de um escritor que decide, ao lado da esposa, abrir uma estalagem numa cidade rural de Vermont. Basicamente, Newhart lidava
com o dia a dia da cidadezinha, da variedade excêntrica de hóspedes.
Durou oito temporadas e a CBS estava contente com a audiência, cogitou
uma nona temporada em 1990, mas Newhart e os criadores definiram parar
depois do ano oito.
Antes de partir para a reviravolta, o episódio final flerta com outro tipo de desfecho, o do vislumbre melancólico do futuro: um magnata japonês compra metade da cidade para construir um campo de golfe e o escritor e sua mulher são os únicos que decidem ficar. A trama salta cinco anos no tempo, antigos vizinhos voltam à estalagem (e o episódio faz alguns fan services pontuais, como a cena em que dois irmãos falam pela primeira vez em toda a série), e o escritor enlouquece diante das visitas, das memórias, das escolhas que fez. Eis que ele é atingido por uma bola de golfe, cai desacordado e acorda… em The Bob Newhart Show, a série de TV que ele fez ANTERIORMENTE:
Embora a cena fizesse referência a uma série exibida 12 anos
antes, o público presente na gravação do finale de Newhart reagiu com
ovação. A atriz Suzanne Pleshette, que vivia a mulher do psicólogo e
testemunha o clássico diálogo “você não acredita no sonho que eu tive”,
só consegue começar a falar depois de 15 segundos, aplaudida na
aparição-surpresa. A própria Pleshette não sabia o que faria no dia em
que foi convidada pela produção para participar da gravação da CBS, e
ainda assim ela e Newhart fizeram a cena num take só.
Boa parte da equipe e do elenco também foi mantida no escuro; um final falso havia sido escrito e vazado para a imprensa, em que o escritor, depois de atingido pela bola, vai parar no Céu e conversa com Deus. A autoria da trolagem/fan service passou a ser discutida anos depois. A esposa de Bob Newhart, Ginnie, teria dado a ideia, versão que os produtores-executivos contestaram numa carta à revista EW em 1995. Em duas oportunidades posteriores, porém, Newhart afirma que foi mesmo Ginnie quem criou a premissa da trama dentro do sonho, “porque havia muita coisa mesmo inexplicável sobre a série”.
Conquistador do Havaí é um dos nomes mais importantes do arquipélago
Fábio de Souza Gomes/omelete/26.04.2019
Dragon Ball Z fez com que o golpe
Kamehameha se tornasse um dos mais famosos da história da cultura pop. O
que poucos sabem é que o golpe popularizado por Goku foi inspirado em
um conquistador de mesmo nome que comandou as Ilhas Havaianas em 1810.
Antes de fazer parte dos EUA, o Havaí foi um reino independente
comandado por Kamehameha I. Ao longo de sua vida, ele conquistou cada
uma das ilhas que formam o arquipélago e, após sua morte, seu filho
assumiu e passou a usar o nome Kamehameha II – um homem que chegou a
visitar o Brasil em 1824.
A dinastia durou até a quinta geração, quando Kamehameha V
morreu sem deixar filhos. Com isso, o Reino entrou em uma crise e,
eventualmente, o arquipélago acabou sendo anexado pelos Estados Unidos. A
importância de Kamehamha I é tão grande que a ilha conta com uma
estátua no local e sua lenda é conhecida por muitos turistas. Um deles,
por acaso, era esposa de Akira Toryama.
Quando criou Dragon Ball, Toryama estava com dificuldade em encontrar um nome interessante para o golpe criado pelo Mestre Kame. “Estava
pensando se havia alguma coisa interessante, algo que fosse tipo
‘alguma coisa-alguma coisa-Há’, então minha esposa na época disse como
brincadeira: ‘Kamehameha seria legal, não seria?’. Então usei. Claro que
foi inspirado no Rei Kamehameha”, afirmou para um guia de Dragon Ball publicado no Japão (leia a entrevista em inglês).
No capítulo que encerra a Saga do Infinito, Marvel abre mão de recurso que tornou uma das suas marcas registradas nos cinemas
Mariana Canhisares/omelete/23.04.2019
Vingadores: Ultimato não tem cena pós-créditos, para a surpresa dos fãs mais assíduos do universo compartilhado da Marvel. Marca registrada do estúdio desde Homem de Ferro,
filme que deu pontapé ao MCU, foram estes pequenos momentos que nos
deram os primeiros indícios do que viria adiante nestes 11 anos de
histórias. Foi assim que descobrimos sobre a Iniciativa Vingadores e
vimos Thanos pela primeira vez, por exemplo. No entanto, Ultimato,
lançamento que marca o ápice disso tudo, é um ponto fora da curva.
Depois de anos tendo este recurso como parte da sua famosa fórmula, a
Marvel abre mão dele por um bom motivo: para de fato colocar um ponto
final na chamada Saga do Infinito.
A decisão pode pegar muita gente de surpresa, mas não se pode negar que faça sentido. Como o próprio título denuncia (Ultimato, em português, e Endgame no original), o filme funciona como uma espécie de season finale
deste universo. Por mais que deixe oportunidades e lacunas a serem
exploradas nos capítulos seguintes, o grande foco é realmente celebrar o
legado de todos estes heróis e das narrativas desenvolvidas até ali.
Por isso, ainda que o mistério possa incomodar os fãs, o presidente do Marvel Studios, Kevin Feige,
tem razão em não anunciar nenhum projeto novo neste momento.
Salienta-se, assim, o clima nostálgico da produção e, como consequência,
atribui mais peso para as amarras da trama, dando uma experiência
definitiva ao público.
Deste modo, cabe mesmo a Homem-Aranha: Longe de Casa apontar o futuro do MCU. A nova aventura de Peter Parker chega aos cinemas em julho.
Com produtor de Grey’s Anatomy no currículo, drama surpreende com seu ritmo intenso, texto sensível e muitas surpresas
Henrique Haddefinir/omelete/13.04.2019
Qualquer drama médico que tenha estreado depois de Grey’s Anatomy enfrenta uma espécie de benção e maldição. A série de Shonda Rhimes
criou uma identidade nova no mercado do subgênero, está no ar há 15
temporadas e tem uma legião de fãs calorosos e satisfeitos. Tudo que
veio depois soa reciclado, capenga ou oportunista. Mesmo títulos que
conseguiram um lugar ao sol, como The Good Doctor e The Resident,
parecem arremedos do que já se viu em exaustão. De fato, o segredo
nunca foi contar o novo, mas aprender a descobrir novas pulsações.
Grey’s Anatomy já teve seu nome atrelado a várias outras produções. New Amsterdam, por exemplo, é criação de David Schulner, que não esteve em Grey’s, mas foi produzida por Peter Horton,
o tal anunciado como aquele que faz a ponte do marketing maior da NBC,
canal que transmite a série. O programa tem tanta identidade que nem
precisaria ser conectada ao mundo de Meredith. Mas, no mercado
competitivo das produções seriadas americanas, qualquer garantia de
longevidade é agarrada com unhas e dentes. Aqui, nesse caso, essa
propaganda não atrapalha e nem surge como muleta. É apenas uma chamada,
uma sugestão para que nossa atenção seja captada.
A série começa com a chegada do Dr. Max Goodwin (Ryan Eggold)
ao hospital do título. O lugar costumava ser uma referência de
qualidade, mas se estagnou e se tornou uma indústria que só pensa em
ganhar dinheiro. Durante os anos, teve vários diretores que não
conseguiram mudar nada no sistema estabelecido. Isso muda quando Max
chega, já tomando uma série de atitudes drásticas que expulsam os
corruptos e inspiram os competentes. Em apenas um episódio o carisma do
personagem é tanto que faz com que tudo funcione perfeitamente.
Max é quase um super-herói. Isso pode cansar o público logo
cedo, sobretudo porque até seus problemas lhe transformam numa vítima.
Além de ter alguns com a gestação da mulher, ele acaba de descobrir um
câncer e é claro que essa descoberta vai mudar a forma como ele se
comportará no decorrer dos episódios. A partir disso, correr para mudar e
melhorar o hospital passa a ser um ponto decisivo dessa narrativa.
Salvar a própria vida, salvar o lugar, salvar até mesmo as reputações
dos que estão a sua volta. Max salva, mas faz isso sem ser pedante.
As semelhanças com Grey’s Anatomy estão visíveis na
maneira como os pacientes são retratados, como os médicos têm uma paixão
incomensurável pela profissão e na maneira como a direção também
privilegia a emoção. O elenco ainda tem Janet Montgomery, Freema Agyeman e Jocko Sims
brilhando e contribuindo com o mesmo carisma que o protagonista. As
coisas funcionam de maneira completa, principalmente porque o texto tem
humor, sensibilidade, ritmo e inteligência. O envolvimento é inevitável e
quando a canção pop chega no final – daquele jeito tão conhecido – é
possível ver a série como um produto totalmente independente, honesto e
muito bem concebido.
No Brasil, New Amsterdam é transmitida toda quarta, às 22h30, no canal pago Fox Life e também no serviço de streaming Fox App.