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Big Little Lies | Meryl Streep brilha em estreia da segunda temporada

Atriz interpreta a mãe de Perry Wright

Foto de Big Little Lies
Camila Sousa/omelete/09.06.2019                                                                                                                                              

Quando foi anunciado que Big Little Lies teria uma segunda temporada, muitos fãs ficaram em dúvida. Afinal, o primeiro ano contou toda a história mostrada no livro de Liane Moriarty e os novos episódios seriam uma história inédita. Apesar disso, a própria autora ajudou no desenvolvimento e o resultado é um segundo ano que promete muito, especialmente pelo papel de Meryl Streep como Mary Louise Wright.

Com uma abertura atualizada, “What Have They Done?”, episódio de estreia do segundo ano, mostrou que a avó já está totalmente adaptada ao ambiente da casa do filho. Ela cuida dos netos, que a respeitam muito, mas acima de tudo Mary Louise quer respostas pelo que aconteceu com Perry. Fica claro desde o começo que seu objetivo ali não é dar suporte para Celeste (Nicole Kidman), mas sim se aproximar o suficiente para conseguir extrair a verdade.

É preciso dizer que tal trama não é exatamente inédita. Ter uma mãe investigando a morte do filho não é em si algo surpreendente, mas o que torna isso tão especial é a atuação de Streep. Variando entre uma senhora insegura e uma mulher incisiva, Mary Louise tem diálogos absurdos (e divertidíssimos) com todos na série, especialmente com Madeline (Reese Witherspoon). A personagem, assim como todos em Big Little Lies, tem várias camadas e passa por elas de acordo com os acontecimentos.

Se Streep brilha de um lado, a estreia do segundo ano também dá mais destaque para Bonnie, personagem de Zoe Kravitz. Diretamente responsável pelo que aconteceu com Perry, ela mostra desde o começo que não sabe lidar com aquilo. Enquanto Madeline, Jane e Renata seguem (ou pelo menos tentam) suas vidas normalmente, Bonnie não faz nenhuma questão de fingir que está bem. A personagem está atormentada, com medo e deixa claro que não faz parte do mesmo mundo de aparências das outras mães de Monterrey. Bonnie sente culpa e isso pode levar a grandes desdobramentos na temporada.

Ter uma mulher, neste caso Andrea Arnold, na direção do episódio também cria pontos importantes, especialmente com Celeste. A personagem de Kidman vivia um relacionamento abusivo e violento com o marido, mas isso não passou com a morte dele. Flashbacks rápidos que mesclam momentos bons (em sua maioria) e ruins do relacionamento mostram como, apesar de morto, Perry ainda tem uma grande influência sobre Celeste. Mesmo tudo o que sofreu e sabendo do que ele fez a Jane, em seu íntimo, a mulher sente falta do marido, ao mesmo tempo em que o odeia. É uma relação complicada, que apenas quem já passou por um relacionamento assim sabe como é.

Com todos esses pontos, Big Little Lies volta forte em sua segunda temporada. Mesmo que a ausência do livro fique clara nos diálogos ligeiramente mais simples, o elenco está afinadíssimo com os personagens e a entrada de Streep foi uma ótima solução para, de certa forma, substituir a figura de vilão ocupada antes por Perry. Mary Louise é muito mais sutil e estrategista do que o filho e promete dar trabalho para as protagonistas.

Big Little Lies é exibida aos domingos, na HBO, e os episódios também ficam disponíveis no HBO GO.

The Handmaid’s Tale | 3ª temporada começa focando na relação entre mulheres

Trilha sonora e bons diálogos dão o tom dos primeiros episódios

Foto de The Handmaid's Tale
Camila Sousa/omelete/05.06.2019                                                                                                                                         

É praticamente um consenso que a primeira temporada de The Handmaid’s Tale foi perfeita. Isso, apesar de muito bom, também criou um problema para a segunda: como superar algo tão bom? Com tanta expectativa, a continuação da série deixou a desejar na opinião de vários fãs, que criticaram o excesso de violência e cenas pesadas demais. Felizmente, a equipe parece ter ouvido os fãs, já que a terceira temporada começa focando principalmente na relação entre as mulheres.

Ao invés de estrear com um episódio, como a maioria dos seriados costuma fazer, The Handmaid’s Tale começou seu terceiro ano divulgado os três primeiros capítulos, com 50 minutos cada. Uma escolha ousada, já que a duração total ultrapassa até os filmes mais demorados, mas após assistir fica claro que o objetivo foi passar uma mensagem: no meio de tanto caos e tristeza, ainda há esperança para as mulheres de Gilead.

A interação e sororidade entre elas é o grande foco deste começo. Depois de tudo o que passaram juntas, June (Elisabeth Moss) e Serena Joy (Yvonne Strahovski) estabeleceram uma relação de respeito mútuo que ecoa em várias cenas. Uma, particularmente especial, tem a protagonista se dirigindo diretamente para Serena e ignorando a presença do Comandante Fred (Joseph Fiennes), que está na mesma sala, mas é ignorado pelas mulheres. Tal momento é catártico porque mostra como a presença masculina é irrelevante: ali apenas June pode entender a dor de Serena.

Esses momentos de sororidade se repetem entre June e outras aias; June e Marthas e até mesmo entre Serena e a Martha que atende sua casa, em um momento delicado e inédito nas três temporadas. Tais cenas funcionam por conta do bom roteiro, que dá falas poderosas para essas mulheres, e pela atuação do elenco. Elisabeth Moss expressa no rosto de June todas as dores pelas quais a personagem já passou e entrega um contraponto interessante: ela mostra força no meio da fraqueza e fraqueza em momentos de força. Nada disso é exagerado ou caricato: uma tremida nos lábios, um olhar baixo ou uma respiração mais profunda já são o suficiente para mostrar as camadas da protagonista.

O mesmo acontece com a Serena de Strahovski. Agora em uma posição muito mais frágil do que nas temporadas anteriores, Serena chora ao perceber seu papel naquela sociedade, fica angustiada ao perceber que não há o que fazer, mas, ainda assim, tira forças para mergulhar (literalmente) em algo novo e deixar o antigo para trás. Essa narrativa da personagem fica muito clara no primeiro episódio, quando há uma belíssima cena com fogo, e no terceiro, em uma sequência na água. Serena mudou após o desfecho do segundo ano e essa dualidade é o que torna a personagem tão interessante, se não mais, do que June.

Tecnicamente, The Handmaid’s Tale está em seu melhor. Como já citado, há uma cena com fogo que destaca tanto a bela fotografia, quanto a trilha sonora. O hábito de tocar músicas “modernas” como contraponto já não aparece tanto, mas quando isso acontece é catártico e vale a pena ir atrás das letras para entender porque tal canção foi colocada em tal momento. Aliás, essa é a grande sensação com este começo da terceira temporada: nada está em tela por acaso. Cada luz com uma cor diferente, cada ângulo de câmera, cada figurino comunica algo extremamente importante para o que está acontecendo e dá gosto passar o olho pela tela e reparar em todos os detalhes.

Ainda há violência em The Handmaid’s Tale, mas foco da terceira temporada, pelo menos por enquanto, é mais na violência psicológica do que física. June tem grandes embates com o Comandante Joseph Lawrence (Bradley Whitford), antes de reunir forças para contra atacá-lo. Cenas de punições físicas são escondidas e dão lugar à diálogos crus que fazem June chorar e se sentir sem forças. Porém, como citado anteriormente neste texto, o grande trunfo da personagem é encontrar forças no meio de suas fraquezas e por isso June ascende, ainda que machucada, para ajudar em uma rede de resistência formada por mulheres.

Aliás, é curioso perceber como isso reflete a própria jornada de The Handmaid’s Tale. A terceira temporada chega forte, mas sem precisar de cenas viscerais. A força está nos detalhes, no roteiro bem escrito, em duas personagens que se olham à distância e reconhecem as dores uma da outra. Se continuar assim, a temporada tem tudo para levar todos os prêmios possíveis.

Chernobyl | O que faz a nova série da HBO tão fascinante

Drama de Craig Mazin é improvável novo hit da emissora

Chernobyl | O que faz a nova série da HBO tão fascinante
Julia Sabbaga/omelete/04.06.2019                                                                                                                                   

Quando a HBO saía da ressaca de Game Of Thrones no meio de maio, o debate era em torno da próxima fantasia que capturaria o público, algo que parecia distante de acontecer, pelo menos por algum tempo. E enquanto a indústria coçava a cabeça para encontrar um substituto, um improvável thriller dramático e político surpreendeu a audiência, rapidamente se tornando uma das séries mais bem avaliadas de todos os tempos: Chernobyl. Claro que a criação de Craig Mazin, que conta a história do desastre nuclear de 1986, não será o substituto de Game Of Thrones, até porque em seu país de origem, EUA, a série de cinco episódios já se encerrou. Mas Chernobyl chamou atenção por comprovar um interesse diversificado e surpreendente do público geral.

Chernobyl surgiu com pouca divulgação no Brasil, com exceção de alguns teasers, e foi daqueles casos que pegou o público de surpresa e se propagou com o boca a boca. Nas últimas semanas, foram relatos nas redes e correntes no Twitter que ajudaram a promovê-la. Atualmente, Chernobyl está no topo das séries mais bem avaliadas no Imdb, e enquanto isto pode ser síndrome de empolgação do público, que acabou de maratonar a minissérie, a produção da HBO merece sim estar lá em cima na lista.

A obra é, em primeiro lugar, surpreendente em todos os aspectos. Chernobyl saiu da mente do roteirista de Se Beber, Não Case e Todo Mundo em Pânico 3 e 4 e é dirigida por Johan Renck, mais conhecido por seu trabalho em videoclipes e, mais recentemente, por episódios de Breaking BadBates Motel e Vikings. A parceria resultou em um trabalho admirável de pesquisa e comprometimento com a estética que não se vê todo dia na televisão. Os elogios não vieram apenas deste lado do mundo; como uma série americana que conta uma história soviética, Chernobyl seria, naturalmente, alvo de críticas do lado de lá, e foi. Mas o número de críticos russos que elogiam a fidelidade da produção com a realidade é chamativo. No Twitter, o jornalista russo Slava Malamud viralizou com seus comentários sobre cada episódio: “É quase inconcebível que um programa ocidental trabalhe nesta quantidade de detalhes para retratar autenticamente a vida soviética desta era, sabendo muito bem que seu público alvo nunca apreciará o esforço ou realmente entenderá”.

Mas o que faz de Chernobyl, uma série dramática, pesada e de ritmo lento, tão atraente para o público geral? Existem, realmente, inúmeros fatores. A escolha do tema é um fator quase bizarramente óbvio: porque não havia nas grandes plataformas um documentário sobre Chernobyl? Na mania da Netflix de distribuir produções baseadas em tragédias, assassinatos e histórias reais de casos policiais, é intrigante que não houvesse ainda uma obra que explorasse o maior desastre nuclear da história. A sede do público já estava comprovada, a HBO apenas percebeu e aproveitou a oportunidade antes. A boa notícia é que isto não aconteceu às pressas.

A extensa pesquisa sobre o acidente real é algo visível em cada um dos capítulos de Chernobyl. Mazin se preocupou com costumes da época até os mínimos detalhes, algo que pode passar despercebido pelo público brasileiro, por exemplo, mas não escapa do telespectador russo, que aliás, contribuiu para que a série seja um sucesso: “Chernobyl é mais verídico do que qualquer série ocidental sobre a Rússia”, disse Malamud. Claro que ela não passou livre de críticas do ex-mundo soviético, e com cinco episódios focados na mente e na vida dos indivíduos daquele país, detalhes incorretos – como a maneira em que os soldados russos seguram os fuzis – foram encontrados.

Quando se trata de um país reservado e distante, ainda mais em época de Guerra Fria, é difícil julgar de longe o que realmente é uma representação prejudicial da sociedade russa para os russos. Mas Chernobyl chama atenção, no mínimo, pela representação perfeitamente humana dos russos, algo raro de se ver em grandes produções americanas. Não há sotaques exagerados ou uma ideia caricata do psicológico soviético. Cada intenção e comportamento dos personagens é compreensível, até mesmo a negação dos que estavam na usina desde o começo. Segundo Ilya Shepelin, do The Moscow Times, grande parte das críticas do povo russo à Chernobyl surgiu de um ressentimento: “O fato de que um canal americano, não russo, está nos contando sobre nossos próprios heróis é um fator vergonhoso para a mídia pró-Kremlin. Esta é a razão real pela qual eles acham erros em Chernobyl”. Não á à toa que uma produção russa sobre o desastre nuclear já foi anunciada, focada na teoria de que um agente da CIA foi enviado à usina com intenções de sabotagem.

O que é curioso sobre a declaração de Shepelin é que Chernobyl foca realmente nisto: nos heróis. A série não vilaniza personagens, apesar de apontar culpados pelo sistema de mentiras e omissões que cresceu na União Soviética. Figuras que contribuíram para o desastre não são retratadas como caricaturas e poderiam existir em qualquer nacionalidade. No quarto episódio, o personagem de Stellan Skarsgård descreve a USSR como “uma nação obcecada em não ser humilhada”. A frase é muito apropriada para a União Soviética, mas não estaria tão distante de uma descrição dos EUA ou do Brasil atuais.

Os três personagens principais de Chernobyl – Valery Legasov (Jared Harris), Boris Shcherbina (Stellan Skarsgård) e Ulana Khomyuk (Emily Watson) – são os elementos mais básicos que comprovam a humanidade da série. Ao enfatizar no heroísmo das figuras por trás da investigação, Chernobyl vai contra à tradição americana de retrato dos russos. É belo e admirável. A personagem de Watson, fictícia, mas que representa uma amálgama de cientistas soviéticos da época, foi inspirada fortemente no próprio Manzin: “Ela é uma extensão do meu fervor quando se fala deste assunto” [via CB]. Para colaborar com tudo isso, a atuação dos três certamente chama atenção e deve marcar diversas categorias na temporada de premiações da TV.

Apesar de tudo isso, não é apenas a escolha da história, a pesquisa, o elenco e a estética de Chernobyl que explicam seu merecido sucesso. Existe algo fundamental que está na base de sua narrativa, que torna a história não apenas relevante como abrangente: a sua tese. No primeiro episódio, Legasov explicita a importância da investigação e a divulgação da verdade: “Qual é o custo de mentiras? Não é que podemos confundi-las com a verdade. O perigo real é que se ouvirmos mentiras o bastante, não reconheceremos mais a verdade”. A mensagem por trás disso parece mais atual do que nunca.

Chernobyl é uma história universal. É um caso cujas consequências foram únicas na história da humanidade, mas seus motivos – arrogância, mentiras, desinformação e fragilidade humana – são elementos eternos. Mazin explicou isso perfeitamente ao Cinema Blend: “No final das contas, o que aconteceu não foi por causa de uma pessoa com más intenções. Isto é coisa para contos de fadas. Quando deixamos este reino, não há uma vilão. Não é uma pessoa, e sim uma coleção de fraquezas humanas, que requerem que examinemos nós mesmos”.

Rainhas do Crime | Como o longa promete subverter os filmes de gângster

Andrea Berloff estreia na direção em drama protagonizado por mulheres

Rainhas do Crime | Como o longa promete subverter os filmes de gângster
Julia Sabbaga/omelete/03.06.2019                                                                                                                                       

Em 2016, Andrea Berloff chamou atenção de Hollywood como uma roteirista novata que levou uma surpreendente indicação ao Oscar por Straight Outta Compton: A História do N.W.A. Desde então, sua carreira se desenvolveu com roteiros de filmes de violência – como Herança de Sangue e Crimes na Madrugada – mas atualmente, Berloff prepara o lançamento de seu primeiro longa na direção, que segue o mesmo rumo, mas promete subverter o gênero de gângsters: Rainhas do Crime.

The Kitchen, no título original, é uma adaptação da HQ homônima do selo Vertigo, da DC Comics, e segue a história de três esposas de gângsters no bairro de Hell’s Kitchen, em Nova York, nos anos 70, que tomam o sistema nas próprias mãos após seus maridos terem sido presos. O Omelete visitou o set da produção durante as filmagens, podendo conferir de perto a recriação da Nova York antiga e ainda conversou com a diretora, o produtor Michael De Luca e as três protagonistas, Elizabeth Moss, Melissa McCarthy e Tiffany Haddish.

Segundo Andrea, o longa pretende seguir as regras dos filmes de gângsters, mas com um elemento fundamentalmente diferente: as protagonistas femininas. Fã dos clássicos filmes o gênero, Andrea explicou a inovação de Rainhas do Crime como algo que saiu de um incômodo pessoal com seus próprios filmes favoritos: [Martin] Scorsese é um dos meus ídolos, um de meus diretores favoritos, mas onde estou eu em seus filmes? Eu nunca vou fazer um filme melhor que os dele, então não vou tentar, mas vou fazer o meu próprio filme e me colocar nesta história, pensando em como as mulheres estariam inseridas neste sistema”.

O produtor do longa, De Luca, complementou a ideia, explicando que Rainhas do Crime é um filme do estilo, mas com uma ideia refrescante, e que as protagonistas femininas alteram profundamente a trama tradicional: “Rainhas do Crime é mais emotivo. Andrea gosta de brincar com a profundidade de seus personagens, com influência de O Poderoso Chefão, algo que está na base de todos nós. O que nos interessa é o que faz as pessoas se sentirem atraídas ao mundo do crime, ela se aprofunda neste tipo de ambiguidade moral”. Ainda para Andrea, as diferenças para um cenário dominado por mulheres é substancial: “É legal explorar a ideia do que acontece quando as mulheres dominam o mundo, como é diferente. Há uma camaradagem entre mulheres, no modo diferente que mulheres tendem à trabalhar”.

As influências de Scorsese, Francis Ford Coppola e a ambientação nos anos 70 não impediu que o longa tomasse discussões de gênero no contexto atual, e segundo Andrea, Rainhas do Crime quer trazer o debate com um toque contemporâneo, e não no contexto de 78 e 79, época na qual o filme se passa. A diretora ainda explicou que não é apenas a questão de gênero que está sendo discutida, e que Rainhas do Crime pretende sim começar um debate: “Há uma conexão legal neste filme entre raça, classe e gênero. Todas estas coisas estão no centro da discussão e eu espero que isto provoque uma conversa”. 

Embora o nome de Elizabeth Moss esteja frequentemente associado à produções dramáticas, Tiffany Haddish e Melissa McCarthy são nomes surpreendentes quando se imagina um filme clássico de gângsters, por seu currículo majoritariamente cômico. Sobre isso, Andrea enfatiza que Rainhas do Crime é um drama e passa longe de ser engraçado, também relacionando esta visão ao estreitamento do papel feminino: “É um filme de gangster, é um thriller, não é uma comédia. Todas nós acabamos limitadas de algum modo na vida. Parte do que foi divertido para elas foi brincar com estas definições. Quem disse que Tiffany e Melissa não podem ser atrizes dramáticas incríveis? Elas são, e só precisam da oportunidade e do material”.

Rainhas do Crime estreia em 9 de agosto nos cinemas brasileiros. 

Por que o reboot de Hellboy me decepcionou enquanto fã

Nova versão falha em entender o personagem e lança festival de violência gratuita e vazia

Por que o reboot de Hellboy me decepcionou enquanto fã
Gabriel Avila/omelete/31.05.2019                                                                                                                                               

O novo filme do Hellboy tem problemas. Eu, você e até o próprio David Harbour, que interpreta o protagonista na produção, sabemos disso. Parecia ser o momento perfeito para que o demônio retornasse aos cinemas, já que completa 25 anos de existência em 2019 – ano em que os filmes de super-heróis estão em alta, com um deles quebrando recordes de bilheteria a cada semana. Mas o longa escolhe o caminho errado e deixa de lado os principais aspectos que tornam Hellboy um personagem tão cativante para trás.

Meu primeiro contato com o Vermelhão se deu através do filme de Guillermo Del Toro lançado em 2004 e foi paixão imediata. O conceito de um demônio carismático lutando contra criaturas fantásticas para salvar o mundo do mago que o invocou era muito diferente de qualquer coisa que eu tinha consumido até então. Fiquei tão fascinado pelo personagem que caí de cabeça nas HQs, o que dificilmente acontecerá com o público que tiver coragem de conferir o reboot. Nele, toda a magia em torno do Vermelhão e seu rico universo é desperdiçada em virtude de um enredo mais preocupado em chocar com tripas e sangue jorrando na tela do que em de fato apresentar um dos mais icônicos e excepcionais personagens dos quadrinhos.

O filme de Neil Marshall é uma colcha de retalhos calcada em brutalidade, fazendo pouco para desenvolver ambos os lados do embate entre bem e mal que a trama propõe. Se por um lado Hellboy é marrento, pronto para lançar vergonhosas frases de efeito em qualquer situação, a Rainha de Sangue e seus lacaios só estão ali porque o mocinho precisa de alguma coisa para bater, recriando a velha história do vilão traído que jurou vingança contra a humanidade. Tudo isso temperado com uma sanguinolência que não tem outra justifica a não ser dar ao filme uma classificação para maiores de idade.

Reprodução/Dark Horse Comics

Acompanhando um herói armado, boca suja e cheio de piadas, a produção mais parece um roteiro rejeitado para Deadpool que caiu no colo de um estúdio incapaz de distinguir as temáticas e decidiu tocar o projeto assim mesmo. Hellboy nunca foi sobre gore e palavrões. Nas histórias publicadas pela Dark Horse Comics, a jornada do personagem mistura elementos literários de autores como H.P. Lovecraft com a abordagem aventuresca dos quadrinhos norte-americanos em uma evolução baseada em uma busca por redenção.

Conforme avança em sua jornada nas HQs, Hellboy descobre que está destinado a reinar no inferno como Anung un Rama, a besta responsável pela libertação do apocalipse. O longa é baseado em uma extensa história dividida em três minisséries Clamor das Trevas, Caçada Selvagem e Tormento e Fúria, que servem como uma espécie de clímax para a trajetória do personagem. É uma sequência arriscada para adaptar em um reboot, mas com o devido cuidado poderia servir como o reinício da franquia nos cinemas e ao mesmo tempo ampliar o que já havia sido estabelecido na versão anterior.

Por anos, a decisão de salvar ou condenar a vida na Terra pairou sobre o personagem que recusa deixar se deixar definir pelo par de chifres em sua testa, e o filme até tenta tornar essa questão como fio condutor da trama, mas abandona qualquer sutileza e joga seu protagonista em situações óbvias que não permitem que essa dualidade pareça legítima. Embora Harbour tente se defender dizendo que se trata de um filme para “alugar ou ver no avião”, isso é muito pouco para um personagem tão fascinante. Hellboy abre um leque enorme de histórias a se construir.

Fui ao cinema na esperança de reencontrar em carne e osso aquele personagem que aprendi a amar em aventuras épicas, divertidas e às vezes até emocionantes. Mas ele se perdeu no caminho do que viria a se tornar um festival de violência gratuita e vazia. O longa poderia ser aventura, suspense, ou até mesmo enveredar para o horror – o que tenta na única cena realmente boa estrelada pela bruxa Baba Yaga – mas não faz nada por completo e só consegue ser decepcionante.

O que é RuPaul’s Drag Race e por que você deveria assistir

Reality show de drag queens está na Netflix e faz barulho nas redes sociais

Foto de RuPaul’s Drag Race
Camila Sousa/omelete/31.05.2019                                                                                                                                      

Em algumas noites de quinta-feira (como na última, 30), é comum a hashtag #DragRace aparecer nos trending topics nacionais do Twitter. Mas enquanto os fãs se divertem, muitos não sabem que esse nome se refere à RuPaul’s Drag Race, o reality show de drag queens que está disponível na Netflix e conquistou um grande público nos últimos anos.

A lógica do Drag Race é semelhante a outros programas do gênero: pessoas são confinadas em um certo espaço e precisam passar por provas semanais para garantir sua permanência. Ao final, um grande evento ao vivo é feito com as finalistas e a vencedora é anunciada. Mas o grande charme de RuPaul’s Drag Race não é exatamente O QUE é feito, mas sim COMO.

Criado em 2009 pela drag RuPaul Charles, o seriado tem como uma das premissas básicas apresentar a cultura e o universo drag para o público. É comum começar a ver o programa e não entender bem algumas expressões que são ditas, mas aos poucos tudo isso se torna tão natural que o público termina de assistir falando “Shantay, you Stay” e “Sashay, away” (expressões de Ru para indicar quem fica e quem sai naquela semana).

As provas do Drag Race também contribuem muito para isso. Ao invés de testes de lógica ou resistência, as queens precisam provar seu carisma, originalidade, audácia e talento em desafios de alta costura, dança, atuação, imitação (olá Snatch Game) e, muitas vezes, se apresentam ao vivo e sem cortes, dançando e performando de forma única. Outro ponto interessante é são as transformações de cabelo e maquiagem. Enquanto se preparam, as drags aparecem “desmontadas” em suas versões do dia a dia e sempre é uma surpresa ver como elas conseguem se maquiar e ficar belíssimas para as apresentações na passarela.

Junto à tudo isso estão características comuns de realities, que ganham novos contornos. As intrigas, medo de falhar em algum desafio e brigas entre as queens são exploradas com depoimentos das próprias durante os episódios. Quem consegue passar por toda essa pressão é coroada com o título de America’s Next Drag Superstar (A próxima estrela drag americana) e recebe prêmios em dinheiro e maquiagem. Mas o consenso entre as vencedoras do Drag Race até agora é que o valor é sim muito importante, mas a visibilidade de carreira atinge outros níveis. Até mesmo para quem é eliminada antes, participar do programa abre portas para contratos comerciais, séries próprias e até participações no cinema, como aconteceu recentemente com Shangela e Willam em Nasce uma Estrela.

Confessionário é o momento de falar tudo

Foto de RuPaul’s Drag Race

RuPaul’s Drag Race/VH1/Divulgação

Todos nascemos nus e o resto é drag

Tudo o que foi dito até agora pode parecer um pouco fútil, mas a verdade é que no meio de glamour e belas roupas, RuPaul’s Drag Race é um programa que fala sobre pessoas, suas falhas e superações. Os depoimentos que aparecem em cada episódio são uma grande prova disso. Muitas vezes uma drag que está lindamente vestida no palco revela o quanto estava nervosa e insegura naquele momento, mas continuou com sua apresentação. Há ainda o Untucked, um mini programa lançado em paralelo aos episódios que mostra muito mais dos bastidores, incluindo momentos de choro e fragilidade das participantes, que compartilham entre si e com o público histórias de bullying, preconceito e falta de aceitação por suas famílias.

Quem escolhe ser Drag Queen faz isso por amor. Não é fácil ter reconhecimento, ganhar dinheiro suficiente para se sustentar e fugir de todo o preconceito. Por mais que o valor financeiro seja um dos grandes atrativos do programa, e que a atração tenha momentos de exagero criando “personagens” para as participantes, quem pisa na passarela de RuPaul’s Drag Race sabe que estar ali é uma realização de vida. Para nós, o público, ficam os ensinamentos de nunca deixar de acreditar em si e se levantar a cada derrota, de preferência com muita maquiagem e um saltão no pé.

Newhart e o melhor final de série de TV já feito

O bisavô dos fan services já ensinava

Foto promocional de Newhart, da CBS
Marcelo Hessel/omelete/07.05.2019                                                                                                                                       

Como achar para uma longeva série de TV um desfecho que esteja à altura da expectativa de seu público? Algumas escolhem as reuniões de reminiscências (Seinfeld30 Rock), outras vislumbram futuros num “superfinal” (MASHA Sete PalmosStar Wars RebelsFuturama) e muitas vão no caminho tradicional do crescendo e do arco dramático em ciclo que se fecha (BuffyMad MenBreaking BadFamília Soprano).

E há a saída da metalinguagem. Ela aparece com frequência como uma forma segura de surpreender o espectador. É segura porque a metalinguagem sempre faz os roteiristas parecerem mais espertos do que realmente são – os titereiros que têm domínio completo sobre o seu teatro de bonecos. O tiro pode sair pela culatra, porém, ao sublinhar que o público também foi controlado na encenação. É famoso o final da série médica St. Elsewhere, que mostrava um menino autista brincando com um globo de neve em que aparecia o prédio do hospital onde o seriado se passou por seis temporadas; a NBC recebeu reclamações em 1988 porque “como assim os médicos não eram de verdade?”.

Nenhum final foi mais certeiro na sua ousadia, porém, do que o último episódio de Newhart. A sitcom da CBS, exibida nos EUA entre 1982 e 1990, fez a escolha da metalinguagem pela via mais arriscada, a do motivo de que “tudo não passava de um sonho”. Ao invés de indignar o público, porém, o desfecho atendeu a um fan service de DOZE ANOS que ninguém esperava.

Newhart era estrelada pelo ator e comediante Bob Newhart, mais conhecido hoje como o Professor Proton de The Big Bang Theory. Ele já havia vivido um psicólogo por seis temporadas na sitcom The Bob Newhart Show e em seguida fechou com a CBS para protagonizar Newhart, no papel de um escritor que decide, ao lado da esposa, abrir uma estalagem numa cidade rural de Vermont. Basicamente, Newhart lidava com o dia a dia da cidadezinha, da variedade excêntrica de hóspedes. Durou oito temporadas e a CBS estava contente com a audiência, cogitou uma nona temporada em 1990, mas Newhart e os criadores definiram parar depois do ano oito.

Antes de partir para a reviravolta, o episódio final flerta com outro tipo de desfecho, o do vislumbre melancólico do futuro: um magnata japonês compra metade da cidade para construir um campo de golfe e o escritor e sua mulher são os únicos que decidem ficar. A trama salta cinco anos no tempo, antigos vizinhos voltam à estalagem (e o episódio faz alguns fan services pontuais, como a cena em que dois irmãos falam pela primeira vez em toda a série), e o escritor enlouquece diante das visitas, das memórias, das escolhas que fez. Eis que ele é atingido por uma bola de golfe, cai desacordado e acorda… em The Bob Newhart Show, a série de TV que ele fez ANTERIORMENTE:

Embora a cena fizesse referência a uma série exibida 12 anos antes, o público presente na gravação do finale de Newhart reagiu com ovação. A atriz Suzanne Pleshette, que vivia a mulher do psicólogo e testemunha o clássico diálogo “você não acredita no sonho que eu tive”, só consegue começar a falar depois de 15 segundos, aplaudida na aparição-surpresa. A própria Pleshette não sabia o que faria no dia em que foi convidada pela produção para participar da gravação da CBS, e ainda assim ela e Newhart fizeram a cena num take só.

Boa parte da equipe e do elenco também foi mantida no escuro; um final falso havia sido escrito e vazado para a imprensa, em que o escritor, depois de atingido pela bola, vai parar no Céu e conversa com Deus. A autoria da trolagem/fan service passou a ser discutida anos depois. A esposa de Bob Newhart, Ginnie, teria dado a ideia, versão que os produtores-executivos contestaram numa carta à revista EW em 1995. Em duas oportunidades posteriores, porém, Newhart afirma que foi mesmo Ginnie quem criou a premissa da trama dentro do sonho, “porque havia muita coisa mesmo inexplicável sobre a série”.

Dragon Ball Z | Conheça o homem que inspirou o nome Kamehameha

Conquistador do Havaí é um dos nomes mais importantes do arquipélago

Kamehameha
Fábio de Souza Gomes/omelete/26.04.2019                                                                                                                                    

Dragon Ball Z fez com que o golpe Kamehameha se tornasse um dos mais famosos da história da cultura pop. O que poucos sabem é que o golpe popularizado por Goku foi inspirado em um conquistador de mesmo nome que comandou as Ilhas Havaianas em 1810.

Kamehameha

Antes de fazer parte dos EUA, o Havaí foi um reino independente comandado por Kamehameha I. Ao longo de sua vida, ele conquistou cada uma das ilhas que formam o arquipélago e, após sua morte, seu filho assumiu e passou a usar o nome Kamehameha II – um homem que chegou a visitar o Brasil em 1824.

A dinastia durou até a quinta geração, quando Kamehameha V morreu sem deixar filhos. Com isso, o Reino entrou em uma crise e, eventualmente, o arquipélago acabou sendo anexado pelos Estados Unidos. A importância de Kamehamha I é tão grande que a ilha conta com uma estátua no local e sua lenda é conhecida por muitos turistas. Um deles, por acaso, era esposa de Akira Toryama.

Quando criou Dragon Ball, Toryama estava com dificuldade em encontrar um nome interessante para o golpe criado pelo Mestre Kame. “Estava pensando se havia alguma coisa interessante, algo que fosse tipo ‘alguma coisa-alguma coisa-Há’, então minha esposa na época disse como brincadeira: ‘Kamehameha seria legal, não seria?’. Então usei. Claro que foi inspirado no Rei Kamehameha”, afirmou para um guia de Dragon Ball publicado no Japão (leia a entrevista em inglês).

Dragon Ball Zcomemorou recentemente 30 anos e, atualmente, o Kamehameha é conhecido mundialmente como um dos principais golpes da animação. 

Vingadores: Ultimato | Entenda por que não tem cena pós-crédito

No capítulo que encerra a Saga do Infinito, Marvel abre mão de recurso que tornou uma das suas marcas registradas nos cinemas

Heróis reunidos em Vingadores: Ultimato
Mariana Canhisares/omelete/23.04.2019                                                                                                                                     

Vingadores: Ultimato não tem cena pós-créditos, para a surpresa dos fãs mais assíduos do universo compartilhado da Marvel. Marca registrada do estúdio desde Homem de Ferro, filme que deu pontapé ao MCU, foram estes pequenos momentos que nos deram os primeiros indícios do que viria adiante nestes 11 anos de histórias. Foi assim que descobrimos sobre a Iniciativa Vingadores e vimos Thanos pela primeira vez, por exemplo. No entanto, Ultimato, lançamento que marca o ápice disso tudo, é um ponto fora da curva. Depois de anos tendo este recurso como parte da sua famosa fórmula, a Marvel abre mão dele por um bom motivo: para de fato colocar um ponto final na chamada Saga do Infinito.

A decisão pode pegar muita gente de surpresa, mas não se pode negar que faça sentido. Como o próprio título denuncia (Ultimato, em português, e Endgame no original), o filme funciona como uma espécie de season finale deste universo. Por mais que deixe oportunidades e lacunas a serem exploradas nos capítulos seguintes, o grande foco é realmente celebrar o legado de todos estes heróis e das narrativas desenvolvidas até ali.

Por isso, ainda que o mistério possa incomodar os fãs, o presidente do Marvel Studios, Kevin Feige, tem razão em não anunciar nenhum projeto novo neste momento. Salienta-se, assim, o clima nostálgico da produção e, como consequência, atribui mais peso para as amarras da trama, dando uma experiência definitiva ao público.

Deste modo, cabe mesmo a Homem-Aranha: Longe de Casa apontar o futuro do MCU. A nova aventura de Peter Parker chega aos cinemas em julho.

New Amsterdam | Série médica acerta com personagens carismáticos e bons roteiros

Com produtor de Grey’s Anatomy no currículo, drama surpreende com seu ritmo intenso, texto sensível e muitas surpresas

New Amsterdam | Série médica acerta com personagens carismáticos e bons roteiros
Henrique Haddefinir/omelete/13.04.2019                                                                                                                               

Qualquer drama médico que tenha estreado depois de Grey’s Anatomy enfrenta uma espécie de benção e maldição. A série de Shonda Rhimes criou uma identidade nova no mercado do subgênero, está no ar há 15 temporadas e tem uma legião de fãs calorosos e satisfeitos. Tudo que veio depois soa reciclado, capenga ou oportunista. Mesmo títulos que conseguiram um lugar ao sol, como The Good Doctor e The Resident, parecem arremedos do que já se viu em exaustão. De fato, o segredo nunca foi contar o novo, mas aprender a descobrir novas pulsações.

Grey’s Anatomy já teve seu nome atrelado a várias outras produções. New Amsterdam, por exemplo, é criação de David Schulner, que não esteve em Grey’s, mas foi produzida por Peter Horton, o tal anunciado como aquele que faz a ponte do marketing maior da NBC, canal que transmite a série. O programa tem tanta identidade que nem precisaria ser conectada ao mundo de Meredith. Mas, no mercado competitivo das produções seriadas americanas, qualquer garantia de longevidade é agarrada com unhas e dentes. Aqui, nesse caso, essa propaganda não atrapalha e nem surge como muleta. É apenas uma chamada, uma sugestão para que nossa atenção seja captada.

A série começa com a chegada do Dr. Max Goodwin (Ryan Eggold) ao hospital do título. O lugar costumava ser uma referência de qualidade, mas se estagnou e se tornou uma indústria que só pensa em ganhar dinheiro. Durante os anos, teve vários diretores que não conseguiram mudar nada no sistema estabelecido. Isso muda quando Max chega, já tomando uma série de atitudes drásticas que expulsam os corruptos e inspiram os competentes. Em apenas um episódio o carisma do personagem é tanto que faz com que tudo funcione perfeitamente.

Max é quase um super-herói. Isso pode cansar o público logo cedo, sobretudo porque até seus problemas lhe transformam numa vítima. Além de ter alguns com a gestação da mulher, ele acaba de descobrir um câncer e é claro que essa descoberta vai mudar a forma como ele se comportará no decorrer dos episódios. A partir disso, correr para mudar e melhorar o hospital passa a ser um ponto decisivo dessa narrativa. Salvar a própria vida, salvar o lugar, salvar até mesmo as reputações dos que estão a sua volta. Max salva, mas faz isso sem ser pedante.

As semelhanças com Grey’s Anatomy estão visíveis na maneira como os pacientes são retratados, como os médicos têm uma paixão incomensurável pela profissão e na maneira como a direção também privilegia a emoção. O elenco ainda tem Janet Montgomery, Freema Agyeman e Jocko Sims brilhando e contribuindo com o mesmo carisma que o protagonista. As coisas funcionam de maneira completa, principalmente porque o texto tem humor, sensibilidade, ritmo e inteligência. O envolvimento é inevitável e quando a canção pop chega no final – daquele jeito tão conhecido – é possível ver a série como um produto totalmente independente, honesto e muito bem concebido.

No Brasil, New Amsterdam é transmitida toda quarta, às 22h30, no canal pago Fox Life e também no serviço de streaming Fox App.