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Os Cavaleiros do Zodíaco | Roteirista fala sobre mudança em Shun

Personagem é uma mulher no novo anime da Netflix

Camila Sousa 09.12.2018

Eugene Son, roteirista de Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco, comentou no Twitter sobre as mudanças em Shun. O anime ganhou seu primeiro trailer ontem na CCXP18, mostrando que o personagem agora é uma mulher:

“‘Que ótimo dia. Vou me sentar no computador e checar as mensagens no Twitter’. Uh-oh. Sei que os fãs de Os Cavaleiros do Zodíaco têm perguntas. Vamos começar com a pergunta menor primeiro e com a maior depois. ‘Por que os nomes de alguns personagens mudaram?’. Isso foi feito antes da minha entrada no projeto. Houve questionamentos do porquê personagens da China, Europa e América do Sul têm nomes japoneses. Então a Toei e o Kurumada escolheram atualizar alguns nomes.

A maior questão: por que mudar Andrômeda? Essa é totalmente comigo. Quando começamos a desenvolver essa nova série atualizada, queríamos mudar pouca coisa. Os conceitos principais que fazem de Cavaleiros uma série tão amada são muito fortes. A maioria deles se sustenta mesmo 30 anos depois. Mas a única coisa que me deixava preocupado é: o Cavaleiros de Bronze que acompanham o Seiya são todos homens. A série sempre teve personagens femininas fortes, que reflete o enorme número de mulheres que são apaixonadas pelo mangá e anime. 

Mas há 30 anos, ter um grupo de homens sem nenhuma mulher lutando para salvar o mundo não era uma questão. Esse era o padrão. Hoje o mundo mudou. Homens e mulheres trabalhando lado a lado são o padrão. Estamos acostumados a ver isso. Certos ou errados, o público poderia interpretar uma equipe completamente masculina como uma mensagem passada por nós. E talvez 30 anos ver mulheres lutando entre si não era algo. Mas hoje não é o mesmo. 

Ok, então o que fazer? Nós pensamos muito. Existem várias personagens femininas no anime e mangá. Marin e Shina são incríveis. Mas as duas já são muito poderosas – ninguém quer vê-las transformadas em Cavaleiras de Bronze. Pegamos uma personagem que já existe, como Sienna, Shunrei ou Miho, damos poderes a ela e a transformamos na nossa própria April O’Neil? Ou criamos uma nova personagem para se unir ao time? Mas eu não queria criar uma nova personagem que se destacaria e ficaria óbvia – especialmente se ela não é criada naturalmente e não tem uma personalidade além de ‘ser uma garota’.

Então falamos sobre Andrômeda, que todos concordam ser um personagem incrível. Então se o original era Shun de Andrômeda e nossa interpretação fosse Shaun de Andrômeda? Quando mais desenvolvíamos isso, mais víamos potencial. Um grande personagem com um grande visual. Os conceitos principais de Andrômeda não vão mudar. Ela usa as correntes para defender a si mesma e aos amigos – algo que ela aprendeu com o irmão protetor que a ensinou a lutar. E os maiores fãs de Cavaleiros sabem o que acontece com Andrômeda enquanto a série se desenvolve. Como seria aquilo com uma mulher como Andrômeda. Acho que será interessante de ver. Mas eu sabia que seria controverso. Não vejo isso como uma mudança de personagem, o Shun de Andrômeda original ainda é incrível. Isso é uma nova interpretação. 

Se você achar que é estranho e não gostar disso, eu entendo. Até mesmo na Toei aconteceu bastante de ‘você tem certeza?’. Os maiores fãs de Shun realmente o amam, mas espero que vocês assistam quando estiver disponível e digam o que acham. Sei que muitos já odeiam. Até mesmo na Toei, Andrômeda é o personagem preferido e isso parece um tapa na cara. Então se você odeia isso e acha que essa série não é para você, sem problemas, eu entendo. Valorizo sua paixão por Cavaleiros, mas eu vou fazer isso”.

Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco acompanha as aventuras dos jovens guerreiros conhecidos como “Cavaleiros”, os protetores jurados da deusa grega Atena reencarnada. Cada Cavaleiro veste uma poderosa armadura baseada em uma das constelações do zodíaco. Chamados de Cavaleiros do Zodíaco, eles ajudam Atena em sua batalha contra poderosos deuses que planejam a destruição da humanidade.

Os Cavaleiros do Zodíaco é uma das maiores franquias de animação do mundo, com uma receita total de mais de US$ 1,1 bilhão desde 1986 e o mangá original de Kurumada já vendeu mais de 35 milhões de cópias no mundo.

The Walking Dead | How it’s gotta be | Análise

The Walking Dead | How it’s gotta be | Análise

[Alerta de muitos spoilers no texto a seguir]

O episódio de mid-season finale, que simboliza o hiatus da série, foi controverso, inicia com Rick confiante atacando com a ajuda do pessoal do lixão, instantaneamente tudo vai para o brejo, a cena da a entender que o pessoal do lixão liderado por Jadis deixou Rick na mão.

Com a ajuda de Eugene (Josh McDermitt) os salvadores limparam sua sede e partiram para a ofensiva, Maggie(Lauren Cohan) é parada na estrada e Jerry (Cooper Andrews) feito refém pelos salvadores, de joelhos aguardando a execução, Os salvadores atacam em três frentes, o cerco na estrada, Alexandria e o Reino, vão em busca de Ezekiel (Khary Payton) e Rick Grimes (Andrew Lincoln), Ezekiel se esconde e consegue livrar seu povo de ser exterminado pelos salvadores, Rick não se encontra em Alexandria, Negan encontra apenas um Carl (Chandler Riggs) disposto a morrer para que seu pessoal tenha uma chance de vitória.

Ezekiel é capturado, mas a espreita está Morgan (Lennie James), que deixa a entender que vai salvá lo, Eugene com a consciência pesada deixa padre Gabriel fugir com o médico de Maggie, Eunid e Aaron partem em busca de ajuda, chegando a Oceanside, a vila de mulheres, acabam fazendo besteira.

Dwight (Austin Amelio) ajuda o grupo de Daryl levando um grupo de salvadores direto para a emboscada, Ao perder um membro de seu grupo executado por Simon como retaliação, Maggie vai direto a Hilltop e executa um de seus prisioneiros, encena rigidez mas está instável e abalada.

Ao ver Alexandria bombardeada Carl está desnorteado e em fuga, sem ter para onde ir ele consegue salvar todos levando-os para o esgoto, esconderijo de Siddiq, personagem novo que se juntou a Carl, No último momento Rick chega em Alexandria e não encontra ninguém, encontrando seu grupo no esgoto descobre Carl já doente e mostrando sua mordida.

Tudo isso representa apenas uma grande sequência de spoilers, mas ao que parece a série se encaminha para o seu fim, pois essa foi uma péssima decisão criativa, já que, nas hqs Carl vem ganhando cada vez mais importância, foi o personagem que mais evoluiu, adquiriu maturidade e importância, ele namora, vive em Hilltop longe de Rick, trabalha como ferreiro e foi peça importante do confronto entre o povo de Rick e os Sussuradores, uma ameaça nos quadrinhos que se mostra mais perigosa que os salvadores.

Com a morte de Carl a série poderá perder o rumo, além de perde mais da sua audiência, coisa que tem perdido frequentemente, Daryl é um personagem fictício que não existe nas hqs, vale dizer que sem Carl, Negan e Michonne não existe The Walking Dead, pois todos já estão cansados dos dramas infindáveis de Rick, da falta de ritmo da série e de personagens secundários que aparecem mais em tela do que deveriam.

Assim a primeira metade da temporada termina com ao invés de um gancho que prenda o espectador, uma surpresa desagradável que pode fazer a audiência cair ainda mais.

 

Vikings | 5ª temporada inicia expansão do mundo nórdico

Novo ano desacelera o ritmo para criar novas histórias e um novo começo

[Cuidado! Spoilers da quarta temporada de Vikings abaixo]

A jornada que a 5ª temporada de Vikings enfrentará não será fácil. O seriado recentemente entregou alguns de seus mais ousados episódios com disputas e traições, chegando até mesmo a matar seu protagonista. Concluir com a vingança dos filhos de Ragnar Lothbrok parecia um fim digno. Como dar sequência à algo que parece finalizado?

À convite da Fox, assistimos os dois primeiros capítulos do novo ano para descobrir como a série do History Channel respondeu essa pergunta.

The Departed“, episódio de estreia, começa de onde as coisas pararam: os guerreiros lamentam a perda de Sigurd, irmão Lothbrok assassinado “por acidente” pelas mãos de Ivar (Alex Hogh Andersen). Enquanto o finale da quarta temporada dava a entender que as disputas internas tornariam-se o ponto central da narrativa, aqui elas rapidamente passam ao plano de fundo – o que pode acabar sendo uma boa decisão. É certo que há um desgaste emocional entre os descendentes de Ragnar, mas dar início à uma guerra civil tão cedo assim não renderia histórias interessantes o bastante para segurar 20 episódios.

Ao invés disso, o ritmo é desacelerado e a trama fragmentada para dar espaço às várias motivações e objetivos diferentes dos vários personagens: Ivar é cada vez mais desenvolvido como uma sádico com gosto pela violência e poder, rindo com gosto ao pilhar e destruir cidades.

Somos também apresentados a Heahmund, o bispo guerreiro interpretado por Jonathan Rhys Meyers (The Tudors), que servirá como nêmesis de Ivar. Infelizmente o personagem tem pouco tempo de tela nos episódios iniciais, mas já desperta a curiosidade ao deixar seu conflito explícito: ao mesmo tempo que é um homem de Deus que zela pela paz e jura destruir os nórdicos “pagãos selvagens“, também desvirtua-se da sua própria religiosidade ao deitar-se com as fiéis – ato que é seguido por culpa, castigo e punição. Tanto Heahmund quanto Ivar são guerreiros com objetivos opostos, mas indivíduos igualmente problemáticos, e é essa disputa que parece tomar os holofotes da quinta temporada.

Enquanto isso, as subtramas também não deixam a desejar: o programa rapidamente mostra o início da jornada de Bjorn (Alexander Ludwig) para desbravar o Oriente Médio; Floki (Gustaf Skarsgard) se aproximando dos seus deuses, que rende algumas das paisagens e cenas mais bonitas mostradas no programa; e também o duelo entre Lagertha (Katheryn Winnick) e o rei Harald (Peter Franzén) pelo controle de Kattegat – que resultará na batalha “mais extraordinária” da série, segundo o criador Michael Hirst.

Julgando pelos dois primeiros capítulos, a 5ª temporada de Vikings parece um novo começo: um que mostrará o enorme mundo que Ragnar tanto queria desbravar, com diversos núcleos de personagens com motivações diferentes (e ocasionalmente conflitantes) atuando em várias partes do globo – assim como foi na vida real.

O programa já não tem mais o mesmo ritmo que tinha quando mostrou invasões à cidade de Paris ou guerras em larga escala, mas diminuir um pouco a velocidade para criar novas histórias pode ter sido a decisão correta. Resta ver se o restante dos episódios desenvolverão todas as partes com a atenção necessária, mas é bom ver que a produção decidiu ir com calma ao invés de sacrificar um roteiro bem escrito pelo frenesi das grandes guerras.

Vikings é transmitido simultaneamente às quintas no Brasil pelo canal pago Fox Premium 2, às 1h da manhã – com reprise no dia seguinte, às 22h. Os episódios mais novos também entram para o serviço de streaming Fox Play, enquanto as temporadas passadas podem ser assistidas na Netflix.

O Exorcista | Nova temporada começa mais frenética e mais literal

Série muda completamente no seu segundo ano

Uma das melhores surpresas da nova leva de terror na televisão foi O Exorcista. Sem se prender às amarras da obra original e ao mesmo tempo prestando homenagens, a série do FX conseguiu criar uma identidade que conversa com o estilo visual e narrativa dos seriados de suspense modernos. Em suma, o programa surpreendeu por ser acima da média (leia a nossa crítica), mesmo requentando um nome tão famoso no showbiz – atitude que quase sempre descamba para o fracasso.

Porém, os dois primeiros episódios da segunda temporada atestam que o tom do roteiro mudou. O que antes abordava era um drama familiar e as angústias de um padre perdido, agora se tornou uma história sobre a transformação do Padre Tomás (Alfonso Herrera) em um Exorcista – e como o excomungado Marcus Keane (Ben Daniels) vai lidar com esse treinamento. Ao mesmo tempo, uma casa que abriga crianças com deficiências se torna o segundo plot da temporada, ainda que pouco desenvolvido neste início.

Fato é que o suspense e os questionamentos de fé não são o foco deste início de trama. O ritmo de edição e os travelings da fotografia logo nos primeiros minutos do episódio de estreia são um ar de Supernatural a uma série que não parecia enveredar para a aventura, mas sim para o thriller psicológico. Por decidir incluir uma mulher possuída de cara, o roteiro estabelece uma relação de tempo com o ano anterior e já deixa clara a relação conturbada entre Marcus e Tomás – algo que deve ser explorado pelos inimigos de ambos ao longo dos capítulos.

A velocidade com que os acontecimentos se desenrolam, acompanhados por uma trilha nada sutil, mostra que a intenção desta introdução é se  tornar algo diferente do que foi visto no ano de estreia. O salto temporal foi pequeno, mas os dilemas a serem enfrentados são bem diferentes. Em certo momento, a história das crianças com deficiência vai se encontrar com os padres e é possível que o ar mais soturno e tenso da série volte a imperar. No começo, porém, a escolha dos criadores foi acelerar o passo e deixar claro que não há tempo a perder – o ideal é desenvolver a história sem economizar nas cenas de exorcismo, nos sustos e na maquiagem exagerada. Agora é esperar os novos episódios para ver se mesmo com essa mudança, O Exorcista se mantém como destaque no Hall dos suspenses e terrores da TV atual.

A segunda temporada de O Exorcista terá 10 episódios e vai ao ar todas as sextas às 23h30 pelo canal para FX.